Categories: Blog

Preço do algodão sobe no campo, mas indústria descarta alta expressiva ao consumidor e desabastecimento

Lavoura de algodão na Bahia, um dos principais estados produtores do Brasil — Foto: Ernesto Rodrigues/Agência Estado

Acompanhando a alta de diversos produtos do campo, em especial os alimentos, o algodão se valorizou no campo nos últimos meses. A pluma, que é um dos principais itens da indústria de roupas, chegou a valorizar cerca de 20% no fim de agosto.

Isso gera preocupações de que, além da alimentação, as roupas fiquem mais caras. Em São Paulo, varejistas projetam que, com a baixa procura e a subida nos preços do algodão, as vestimentas se valorizem.

Porém, segundo a indústria têxtil, essa alta não deverá chegar forte ao consumidor. Isso porque o impacto da valorização do algodão acabou sendo absorvido pela atividade, diz Fernando Pimentel, presidente da associação do setor (Abit).

“Os primeiros elos da cadeia sofreram um impacto muito grande, mas são várias etapas até chegar ao consumidor. Nossa estimativa é de que o algodão representa 7% do preço total da roupa”, afirma.

Além disso, a indústria acredita que o aumento é passageiro. O motivo é que, como o setor parou durante a pandemia, a retomada é demorada, com muitas empresas querendo comprar algodão ao mesmo tempo, o que também valoriza o produto.

“No retorno das fábricas, há cerca de 45 dias, todo mundo recompôs os estoques. Antes da pandemia, o algodão custava R$ 2,70 por libra-peso (454 gramas), chegou a R$ 3,30 e, agora, está por volta de R$ 3,15, aumento hoje de 16%”, explica o presidente da Abit.

Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea), o pico de preços de algodão no ano ocorreu no dia 27 de agosto. Desde então, o valor do produto entrou em trajetória de queda, mas, ainda assim, está maior do que antes da pandemia.

O que explica essa valorização?

Como todo produto de exportação do agronegócio, as chamadas commodities agrícolas, o dólar é o principal motivo. Isso porque as cotações do algodão são definidas na Bolsa de Nova York.

Na média histórica, o preço do produto fora do país não está em níveis recordes, está valendo pouco mais de US$ 0,60 por libra-peso – para efeito de comparação, esse índice já chegou a passar de US$ 1,00 anos atrás.

Mesmo assim, quando convertemos, o valor fica mais salgado, como mostraram os dados do Cepea. Isso porque, neste ano, a moeda americana já se valorizou mais de 30% frente ao real.

E, segundo a indústria, quem acaba recebendo o maior impacto é o primeiro elo da cadeia de manufatura: as fiações.

Após sair do campo e passar pelas fiações, o algodão vai ainda para malharias ou tecelagens, que preparam os tecidos para que as confecções façam o acabamento das roupas.

Depois disso, as vestimentas vão para as lojas, para, enfim, chegarem ao consumidor.

Sem risco de desabastecimento

Produtores e indústrias afirmam que não deverá faltar algodão no Brasil. Isso porque, no campo, a safra foi novamente recorde. O país é o quarto maior produtor mundial e o segundo principal exportador.

Segundo dados divulgados nesta semana pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o Brasil colheu 2,9 milhões de toneladas da pluma, 5% a mais do que na última safra – é o terceiro recorde seguido da atividade.

A associação estima que, das 2,9 milhões de toneladas, cerca de 750 mil toneladas devem ficar no país para abastecer a “totalidade da demanda” e que o excedente vai seguir para a exportação.

De janeiro a agosto deste ano, o setor exportou 1,56 milhão de toneladas (juntando o algodão da safra antiga e da nova), movimentando US$ 1,02 bilhão. A China foi o principal destino.

“Em relação ao preço, a suposta alta de que se queixam indústria têxtil e lojistas, se deve à variação cambial do real em relação ao dólar”, afirma a Abrapa, que diz que a rentabilidade do agricultor está em patamares parecidos com os de setembro de 2018.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que o consumo de algodão no país será de 570 mil toneladas.

Se confirmadas a previsão de uso interno e vendas ao exterior (1,92 milhão de toneladas), o estoque de passagem, aquele usado na entressafra, ainda será de 1,93 milhão de toneladas.

“E é uma situação diferente da do arroz, que é um item primário na vida do brasileiro. A roupa é um gasto que o consumidor consegue postergar, pode esperar… comparar os dois é o mesmo que comparar laranja com banana”, completa Pimentel.

Fonte: G1

Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,3730 DÓLAR TURISMO: R$ 5,5580 EURO: R$ 6,259 LIBRA: R$ 7,1290 PESO…

5 horas ago

Netflix fecha acordo para compra da Warner Bros. Discovery por US$ 72 bilhões

A Netflix anunciou na manhã desta sexta-feira (5) acordo de compra dos estúdios de TV e cinema…

6 horas ago

Suspeito de participar da morte de menina de 7 anos na Grande Natal é preso

A Polícia Civil prendeu nessa quarta-feira (3), em Natal, um dos suspeitos de partipação na morte da…

6 horas ago

Dino marca para fevereiro de 2026 julgamento do caso Marielle na 1ª Turma do STF

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira (5) marcar para os…

6 horas ago

Investigado por contrabando é preso ao ser flagrado pela PF com material de abuso sexual infantojuvenil

A Polícia Federal prendeu um investigado por contrabando de cigarros em flagrante após localizar material configurado…

6 horas ago

Justiça manda Airbnb ressarcir despesas médicas de cliente que ficou paraplégica após acidente em hospedagem

A Justiça do Distrito Federal determinou que o Airbnb pague, na íntegra, os custos de uma…

6 horas ago

This website uses cookies.