A Prioridade na Educação Precisa ser Real e Obsessiva –

A Coragem Politica para Tirar do Papel e do Discurso o que Tem Sido Apenas Tentativas

Em tempos esquisitos, quando recursos foram retirados da merenda escolar em plena “pandemia da fome”, será mesmo que a educação é prioridade? Confesso que para um filho de educadora e que ainda se orgulha dos bons momentos de docência, manter-se atento a uma prioridade que não vi se completar, em 2/3 da minha vida, tem-se revelado como uma enorme decepção.

De fato, parece-me que falta uma dose extre de coragem política, para se tirar dos papéis e dos discursos, quaisquer iniciativas contrárias ao valor da educação. É preciso superar qualquer que seja o vetor de resistência, que não permite que a educação se realize, na sua missão de ser a maior das prioridades. Enfim, o que está por trás disso? Quantas gerações virão e se sentirão esquecidas por essa espécie de “conversa fiada”, que se põe como prioridade?

De fato, promessas, planos e governos se alternaram e nada de concreto permitiu a constatação do poder transformador da educação. Claro, que numa perspectiva ampla e profunda, que lhe fosse capaz de imprimir uma outra dinâmica para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. O resultado de tanto tempo de distanciamentos entre promessas e realidades, protestos e protelações, falar e fazer, é um naufrágio socioeconômico que se desalinhou da formação educacional da sociedade.O Brasil vive ao largo do que pode ser o traço de uma civilização instruída o suficiente, para entender que só o capital humano pode mudar a realidade. E o instrumento dessa mudança representa a quebra de uma resistência, que torna impeditiva a prioridade sobre a educação.

Os principais indicadores da educação não trazem boas novas. Os efeitos da pandemia estão ai incrustados, sobretudo, em pontos preocupantes que derivam da evasão escolar, do próprio recuo no conhecimento básico e dos perigos inerentes ao trabalho infantil. Mazelas que se tornam alvo de discursos fáceis, na maioria das vezes, incapazes de serem efetivamente retirados do papel. E agora? O que se há de fazer?

Dada essa situação atual, é preciso gastar mais com educação, mesmo que a história recente dos recursos alocados no setor, seja algo bem relevante. O desafio nesse aspecto alocativo está na coragem de enfrentar resistências nas formas de corporativismos e interesses variados. Isso implica em decisões sobre prioridades e combate aos desvios e desperdícios. Como são também essenciais a adoção de avaliações e métricas de controle. O objeto é buscar o melhor retorno possivel do investimento educacional.

A tarefa não é fácil. Mas, precisa ser encarada. Uma vez conseguida uma mínima estabilidade socioeconômica para o país, o desafio maior é colocá-lo no eixo de um desenvolvimento sustentável, centrado no papel do ser humano. Disso, a melhoria de produtividade que será o alvo dessa nova história, tem na educação o fôlego da sua sobrevivência. Pelo que já vimos e assistimos, será que nossos candidatos estão atentos para o tamanho do desafio?

 

 

 

 

 

 

 

 

Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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