Higienizar e “Giannettizar” o Olhar Desenvolvimentista –
Da Descida aos Infernos para uma Reconstrução sob Novos Pilares
Lamentei bastante a impossibilidade de estar presente à posse do novo imortal da ABL, o economista, filósofo e escritor Eduardo Giannetti. Além de ter renunciado um convite raríssimo e de extraordinário valor intelectual, ao ler e ver o seu discurso de posse, confesso que pude enxergar mais longe toda sua percepção, de um técnico de sensibilidade humanista, no trato das graves questões nacionais.
Para ser mais coerente com minha observação, percebi a habilidade com a qual Giannetti pode agregar toda diversidade da sua obra num simples extrato, que conjuga bem o verbo, que dá noção a um processo: pensar o Brasil. Aliás, entre poucos, talvez Giannetti traga na sua essência intelectual, o que há de melhor no pensamento político e socioeconômico.
Com base no que já li da sua obra e o extrato do discurso, exercito aqui minha admiração em dois sentidos. Primeiro, pelo olhar crítico que se pauta pela incapacidade inexorável do modelo socioeconômico atual, no apontar soluções para questões longevas e estruturais. Em seguida, no rastro do seu entendimento sobre a “sede de futuro” que ainda perdura, o desafio de se propor um plano de desenvolvimento, bem sedimentado nos valores da educação, da cultura e do meio ambiente. Não foi à toa que defini o titulo desse texto. Afimal, para olhar na direção do futuro, será preciso “higienizar” as práticas do passado e “giannettizar” as ações, no sentido de implantar outra forma de lidar com o desenvolvimento.
“Higienizar” o processo é remover os entulhos que não levaram à inversão das expectativas, em termos do que vale para o desenvolvimento: crescer de modo sustentável e promover o bem estar da população. Se para crescer a “higiene” se precisa do uso intensivo da humanização nas relações econômicas, mais ainda quando o foco carece ser a retomada de um planejamento diferente e mais ajustado aos temas da realidade.
Justo nesta questão de um novo plano, que ouse considerar outros eixos desencadeadores de uma “humanização” efetiva, que cabe aqui o que chamei de “Giannettização”. Quero dizer nessa defesa que, as teses defendidas pelo autor, trouxeram-me a esperança no sentido daquilo que Bregman chamou de “utopia realista”. De fato, tudo de essencial que está nos livros e depoimentos de Giannetti foi explicitado no seu discurso de posse. De modo sintético e considerada a premissa prévia de um equilíbrio macroeconômico, para trilhar essa aposta na revisão do modelo de desenvolvimento, o Brasil precisa ser reconfigurado para as seguintes direções:
1) compreender que a métrica do sucesso brasileiro ainda depende da inclusão efetiva e da responsabilidade política de se respeitar a grandeza da diversidade cultural, vista sem supremacismos e preconceitos;
2) que em cima desses valores, é possível se estabelecer um marco civilizatório diferente, assentado na tranquilidade de uma nação que se mostre do jeito que ela é, bem no espírito “rousseauniano” do “doce sentimsnto da existência”;
3) a vanguarda do desenvolvimento só se conquista através do conhecimento, consolidado pela mais efetiva obsessão educacional e pela importância reservada ao preparo científico e tecnológico;
4) extrair desse investimento em capital humano, vetor principal do que seja a humanização das relações econômicas, os melhores ganhos de produtividade, indispensáveis para a essa iniciativa desenvolvimentista.
Ouso dizer que as ideias de Giannetti levam-no a beber nessas fontes de utopias realistas. Proporcionam situações também capazes de fazê-lo admitir que, das águas e sonhos subtraídos, dá-se resposta à sua assertiva de o nosso país ainda ter “sede de futuro”. Da descida aos infernos à reconstrução de novos pilares, antes tarde do que nunca.
Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco
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