PONTO DE VISTA DE ALFREDO BERTINI

MEMÓRIAS LUSÓFONAS – 

Ao receber hoje um vídeo, no qual os grandes escritores luso-africanos José Eduardo Agualusa (Angola) e Mia Couto (Moçambique) falam da importância da democracia e liberdade de expressão no Brasil, lembrei-me desse viés cultural d’África com o nosso país. Hoje, minhas memórias lusófonas se dirigiram – além deles – para outros nomes da literatura e do audiovisual como Pepetela, Zezé Gamboa, Maria João Ganga, Malangatana, Isabel Noronha, Licínio Azevedo e o já “nosso” Ruy Guerra. Exemplos de uma simbiose cultural de invejável dna identitário. Pura riqueza cultural.

Não lembro precisamente o ano, numa das seis vezes que estive em Luanda, vivenciei no Gabinete da então Ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, uma referência meritória ao valor literário das obras de José Eduardo Agualusa e Pepetela. Nessa cerimônia, lá estava pelo meu envolvimento com a Economia da Cultura e o Festival de Cinema de Luanda. A distinção para Agualusa se dava pela láurea obtida com o prêmio literário do britânico “The Independent”, por conta de ” O Vendedor de Passados”, primeira láurea concedida por esse órgão a um representante da literatura africana.

Assim, tive um breve contato com Agualusa e suas obras, cujos títulos me causaram enorme admiração. Diria que dali encontrei inspiração para buscar algo diferente, oportuno e criativo. Mais precisamente, no que respeita à definição de títulos para qualquer narrativa escrita que me coubesse fazê-la.

Também vale lembrar que todo esse carinho que o escritor tem reservado ao Brasil não se restringiu apenas à sua decisão por morar na cidade maravilhosa de São Sebastião do Rio de Janeiro. Certa vez, numa das suas entrevistas, Agualusa disse que “como alternativa à Benguela, gostaria de morrer em Olinda/PE”.

Longe de sequer imaginar tamanha perda, vale destacar que a imortalidade da sua obra transcende gentílicos. Tornou-se um apátrida, sobretudo, nos solos lusófonos. De qualquer modo, a opção gentílica por uma finitude que consagre Olinda na sua eternidade infinita, representa mesmo algo capaz de ratificá-lo como um “cidadão brasileiro de coração”.

Com tanta certeza quanto eu sou olindense…também de coração.

 

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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