Categories: Blog

PONTO DE VISTA DE ALFREDO BERTINI

A INGLÓRIA MARCA DOS 200: ENTRE A IMPERTINÊNCIA DAS CÉDULAS E A IGNORÂNCIA DOS CRÉDULOS –

200. Duzentos. Duas centenas. À primeira vista, qualquer forma de registro tem lá sua expressão. Pode ser uma tradução quantitativa marcante, quase sempre levada pela grandeza dimensional. Mas, pode não ser bem isso.

Acontece que, no Brasil de hoje, esse marco sinaliza para outra ordem de grandeza, naquilo que podem ser os feitos resultantes de ações públicas mais recentes. Assim, na minha simples condição de agente do cotidiano social, não me sinto nada gratificado com esse registro que aqui faço sobre a marca dos 200. Justo pela impertinência e ignorância dos atos que lhes transmitem esse sentido duro, frio, que deixa muitos brasileiros sem entender tantos erros e omissões.

O primeiro marco dos 200 foi a criação de uma cédula que expressa esse valor enquanto moeda. Na essência dos contrastes nacionais está o tamanho da impertinência da medida. Entre 5 milhões de brasileiros da faixa dos 5% mais pobres, que têm renda média mensal menor que 85% do valor de face cédula, bem como, outros tantos milhões que fazem uso de um mercado cativo de operações financeiras digitais, encontro sentido para mais um erro da equipe econômica do governo. Certamente, dezenas de milhões de brasileiros não farão uso da mesma. A impertinência das cédulas dá robustez à tese.

O outro marco dos 200 é simplesmente trágico, porque ressalta a gravidade de uma pandemia, na qual o poder público não soube enfrentar e, por conseguinte, não consegue se livrar dela. O marco consagra, de uma vez só, tudo que pode ser expresso pela incapacidade no reconhecimento e no trato de um problema de saúde pública do porte da pandemia. Atingir a inglória e dolorosa marca de 200 mil óbitos representa o suprassumo de uma ignorância, que foi capaz de tornar crédulos desse morticínio, uma seita anestesiada pelos algoritmos do negacionismo à ciência.

Entre a impertinência das cédulas e a ignorância dos crédulos, o Brasil consagra os 200 como um novo marco inglório da sua História.

Pelo menos, isso se deu antes de 2022. Calma. Não é por conta das eleições. É porque há outro marco dos 200 na parada: o da independência.

 

https://www.instagram.com/p/CJrmL73BtFp/?igshid=ksu9tkyeqw7s

 

 

 

Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,2970 DÓLAR TURISMO: R$ 5,5030 EURO: R$ 6,1830 LIBRA: R$ 7,0830 PESO…

23 horas ago

Rodoanel é liberado após acidente com 5 carretas bloquear faixas na região de Embu das Artes

O Rodoanel foi liberado após um acidente envolvendo cinco carretas na manhã desta quinta-feira (4) provocar o bloqueio…

23 horas ago

CNU 2025: prova discursiva terá redação e questões; veja como funciona cada modelo

A prova discursiva da segunda edição do Concurso Nacional Unificado, aplicada neste domingo (7), é uma…

23 horas ago

PIB brasileiro fica estável e cresce 0,1% no 3º trimestre, diz IBGE

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil variou 0,1% no terceiro trimestre de 2025, informou o…

23 horas ago

‘Choques e queima de equipamentos’: Maternidade é parcialmente esvaziada em Natal por causa de problemas elétricos

Pacientes da Maternidade Escola Januário Cicco, ligada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte,…

23 horas ago

Lula abre reunião do Conselhão, que deve fazer balanço do grupo na COP 30 e discutir rumos da economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu, nesta quinta-feira (4), a 6ª plenária…

23 horas ago

This website uses cookies.