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PIB do Brasil cresce 7,7% no 3º trimestre, mas não elimina perdas com pandemia

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 7,7% no 3º trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, confirmando a saída do país da chamada “recessão técnica”, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A expansão da economia foi recorde no terceiro trimestre, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas vistas no ápice da pandemia de coronavírus no país. Em valores correntes, o PIB do terceiro trimestre totalizou R$ 1,891 trilhão.

Com o resultado, a economia reverteu parte das perdas com a pandemia, mas a alta foi insuficiente para compensar o colapso do PIB no 1º trimestre (-1,5%) e no 2º trimestre (-9,6%), que mergulhou o país em uma nova crise e provocou um desemprego recorde.

O crescimento de 7,7% no 3º trimestre foi o maior já registrado desde que o IBGE iniciou os cálculos do PIB trimestral, em 1996. Até então, a maior taxa tinha sido a do 3º trimestre de 1996 (4,3%).

O forte avanço entre os meses de julho e setembro está diretamente relacionado com a base mais fraca de comparação, devido ao tombo histórico registrado entre abril e junho, que foi revisado para uma queda de 9,6%, ante leitura inicial de retração de 9,7%.

As consequências da pandemia ainda ficam claras no comparativo anual. Em relação ao 3º trimestre de 2019, o PIB registrou uma queda de 3,9%, a terceira retração seguida nessa base de comparação.

Já no acumulado dos quatro trimestres terminados em setembro, houve queda de 3,4% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

Os números do PIB vieram mais fracos do que o esperado. A expectativa do mercado era de um crescimento de 8,8% em relação ao trimestre anterior, segundo a mediana das estimativas levantadas pelo Valor Econômico junto a consultorias e instituições financeiras.

Principais destaques do PIB no 3º trimestre

  • Agropecuária: -0,5%
  • Indústria: 14,8%
  • Indústria extrativa: 2,5%
  • Indústria de transformação: 23,7%
  • Construção civil: 5,6%
  • Serviços: 6,3%
  • Comércio: 15,9%
  • Consumo das famílias: 7,6%
  • Consumo do governo: 3,5%
  • Investimentos: 11%
  • Exportação: -2,1%
  • Importação: -9,6%

No acumulado do ano até o 3º trimestre, o PIB caiu 5% em relação a igual período do ano passado. Nesta comparação, a agropecuária cresceu 2,4%, enquanto a indústria (-5,1%) e os serviços (-5,3%) ainda têm queda.

indústria de transformação foi o grande destaque do 3º trimestre, conseguindo voltar ao nível do primeiro trimestre, com um crescimento de 23,7% após tombo de 19,1% no segundo trimestre.

comércio também mostrou uma recuperação forte ao crescer 15,9%, revertendo a queda de 13,7% no trimestre anterior.

Já o setor de serviços, que possui o maior peso na economia, é o que mostrou a recuperação mais lenta, com, alta de 6,3% após tombo de 9,4% no segundo trimestre.

A agricultura foi o único setor, pelo lado da oferta, a apresentar queda, de 0,5%, em relação aos três meses anteriores. Segundo o IBGE, a queda foi resultado de um ajuste de safra, mas o setor ainda registra crescimento no acumulado do ano.

Recuperação incompleta

A forte reação do PIB no 3º trimestre foi sustentada principalmente pelos expressivos gastos do governo com auxílios e medidas de transferência de renda. A recuperação, no entanto, foi marcada pela heterogeneidade, com diversos segmentos ainda enfrentando dificuldades para voltar à normalidade, sobretudo atividades do setor de serviços.

O resultado é similar ao verificado em outros países que também tiveram suas economias fortemente afetadas pela pandemia. Nos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a alta foi de 9% no 3º trimestre.

Embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, venha reafirmando que os indicadores apontam para uma retomada do crescimento em “V” – uma forte queda seguida de recuperação igualmente acentuada – a economia ainda está longe de estar ‘curada’ e a perspectiva é de perda de ritmo a partir do 4º trimestre, com a redução e término das medidas de estímulo.

A pesquisadora lembrou que a economia brasileira foi atingida pelo choque trazido pela pandemia num momento em que ainda se recuperava das perdas com a recessão de 2015 e 2016.

“O PIB cresceu até 2014, caiu em 2015 e 2016 e começou a se recuperar em 2017. No final de 2019, a gente já estava num patamar equivalente ao de 2012. Com a pandemia, a gente voltou para 2009 e agora a gente já andou mais um pouco e foi para o final de 2010, que é equivalente ao que a gente observava em 2017”, disse.

Pela ótica da despesa, o consumo das famílias – principal motor da economia há anos e com peso de 65% no PIB – teve expansão de 7,6%, num patamar ligeiramente abaixo do resultado do PIB, eliminando apenas parte do tombo de 11,3% no segundo trimestre. Ou seja, as famílias não voltaram a consumir no patamar anterior à pandemia.

Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) cresceram 11%, após queda de 16,5% no trimestre anterior. No acumulado do ano, a queda é de 5,5%. A taxa de investimento em percentual do PIB foi de 16,2% do PIB contra 16,3% no mesmo período do ano anterior. Em 2013, chegou a superar 21%.

Em relação ao setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram queda de 2,1%, enquanto as importações caíram 9,6% em relação ao segundo trimestre, em resultados também influenciados pelo câmbio.

IBGE revisa PIB de 2019 para alta maior, de 1,4%

O IBGE revisou também o resultado do crescimento do PIB de 2019, de 1,1% para 1,4%. O instituto realiza sempre uma revisão mais abrangente da série histórica na divulgação do terceiro trimestre de cada ano.

Perspectivas

O mercado financeiro passou a projetar uma retração de 4,50% para o PIB do Brasil neste ano. Mesmo com uma retração menor do que a inicialmente imaginada, o resultado de 2020 deverá ser o pior já registrado no país. Pela série histórica do IBGE, iniciada em 1948, as maiores quedas até aqui foram as de 1981 e 1990, quando houve uma retração de 4,3% em ambos os anos.

Para 2021, a previsão atual é de um crescimento 3,45% do PIB. De acordo com os analistas, mantido o atual cenário, o Brasil só deverá retomar o patamar pré-pandemia a partir de 2022.

A OCDE estima um crescimento menor da economia brasileira em 2021, de 2,6%, abaixo da projeção para a média global, de 4,2%. O Fundo Monetário Internacional (FMI), por sua vez, projeta um alta de 2,8%, mas alertou esta semana que uma “recuperação robusta e inclusiva” depende do avanço de reformas estruturais” e da sustentabilidade da dívida pública.

Fonte: G1

Ponto de Vista

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