Categories: Blog

Passado o baque da pandemia, PIB do Brasil volta ao velho ‘padrão’ do crescimento lento

Depois do mergulho histórico no ano da chegada da pandemia, a alta de 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021 recupera as perdas na atividade econômica do país – não sem cicatrizes e antigos desafios à frente.

Economistas ouvidos pelo g1 destacam que a recuperação aconteceu de forma desigual entre setores e voltou a um velho momento: a falta de um “motor” para continuar crescendo.

É um panorama muito parecido com a saída da recessão de 2015 e 2016. Entre 2017 e 2019, o país cresceu pouco mais que 1% ao ano. Antes da chegada da pandemia, portanto, o debate sobre crescimento econômico no país era pautado justamente pela dificuldade de progredir.

Agora, um levantamento do Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas, comprova que o PIB fez exatamente o movimento de retorno aos patamares pré-pandemia para uma nova estagnação.

“Além de baixa educação e infraestrutura precária, o ambiente de negócios é disfuncional, o que dificulta a expansão de empresas produtivas, e beneficia as que não são”, explica.

Desafio ainda maior

O último boletim Focus, sondagem semanal do Banco Central com economistas do mercado financeiro, mostra que a expectativa de crescimento do PIB de 2022 é de apenas 0,3%. Mas uma porção de bancos e casas de análise são ainda mais pessimistas e esperam uma leve queda ao final do ano.

Tudo por conta da herança dessa nova crise, que é um patamar elevado de juros para combater o arranque inflacionário do último ano.

A inflação voltou ao patamar de dois dígitos, chegando a 10,38% em janeiro. A taxa Selic também foi elevada com muita rapidez para combater a alta de preços, saindo de 2% para 10,75% ao ano em apenas 12 meses.

O banco foi a primeira grande instituição a revisar os números deste ano para o campo negativo e projeta queda de 0,5%.

Influência do câmbio

Barbosa explica que apesar de “influências positivas” na atividade econômica, como a subida de preço de commodities que o país exporta, a desvalorização do real durante a pandemia puxou demais a inflação para cima.

g1 mostrou em dezembro que uma acentuação da crise nas contas públicas, a frustração das expectativas de crescimento do país, uma contínua instabilidade política em Brasília e gestão confusa da pandemia fizeram o dólar subir pelo quinto ano seguido contra o real.

Com a alta dos juros, porém, o dólar chegou aos R$ 5 no fim de fevereiro e acumulava desvalorização de 10% contra a moeda brasileira. Se a Selic desestimula o consumo e o investimento interno, por outro lado ajuda a trazer um fluxo de dinheiro estrangeiro de volta para o Brasil e fortalece o real.

Quando o horizonte parecia melhorar para a inflação, teve início a invasão da Rússia à Ucrânia, que gerou uma corrida para ativos seguros e reverteu a “queda livre”. O dólar chegou a disparar para R$ 5,20 nos momentos de maior tensão geopolítica.

Até agora, o conflito trouxe valorização considerável do petróleo (US$ 119 para o tipo Brent), que atingiu as máximas desde 2012 e pressiona o preço dos combustíveis, mas ainda pode impactar a produção de fertilizantes russos e aumentar o preço do trigo e seus derivados, como o pãozinho e o macarrão.

Uma alta das commodities somada à desvalorização do real são sinônimos de “inflação na veia”. Mas, por enquanto, o câmbio ajudou a equilibrar a situação do Brasil. No fechamento de mercado de quinta-feira (3), oitavo dia do conflito, a moeda americana havia retornado ao patamar de R$ 5,02.

E agora?

A WHG projeta queda de 0,3% no PIB de 2022 — e não descarta nova queda em 2023. Fenolio explica que dois fatores podem trazer algum impulso para o PIB, mas ambos sem o poder de arranque que o país precisaria.

O primeiro é a agropecuária, que tinha promessa de boas safras e tem preços subindo no mercado internacional. Mas condições climáticas, como a seca no Sul e enchentes no Norte e Nordeste do país, causaram algum prejuízo nas estimativas.

Outro ponto é o maior gasto do governo em ano eleitoral. O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 64,7 bilhões em 2021, primeiro resultado positivo desde 2013. O indicador reúne as contas da União, dos governos estaduais e municipais, além de empresas estatais.

E a pandemia?

Ainda que o Brasil tenha retornado para a ‘armadilha’ do baixo crescimento, a pandemia foi inegavelmente o estopim para os principais problemas econômicos da atualidade e deixa rastros perversos em setores que dependem da circulação de pessoas, como o de serviços.

Mas, nos cálculos da maioria das instituições financeiras, a situação sanitária perdeu espaço nas preocupações. Isso porque, mesmo a variante ômicron, não teve o poder de destruição da atividade econômica como as ondas anteriores da Covid-19.

O banco faz uma medição diária de atividade econômica, e o resultado é latente: tal como o PIB, os níveis estão praticamente iguais aos de março de 2020, pré-pandemia.

Fonte: G1

Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,3730 DÓLAR TURISMO: R$ 5,5580 EURO: R$ 6,259 LIBRA: R$ 7,1290 PESO…

10 horas ago

Netflix fecha acordo para compra da Warner Bros. Discovery por US$ 72 bilhões

A Netflix anunciou na manhã desta sexta-feira (5) acordo de compra dos estúdios de TV e cinema…

11 horas ago

Suspeito de participar da morte de menina de 7 anos na Grande Natal é preso

A Polícia Civil prendeu nessa quarta-feira (3), em Natal, um dos suspeitos de partipação na morte da…

11 horas ago

Dino marca para fevereiro de 2026 julgamento do caso Marielle na 1ª Turma do STF

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira (5) marcar para os…

11 horas ago

Investigado por contrabando é preso ao ser flagrado pela PF com material de abuso sexual infantojuvenil

A Polícia Federal prendeu um investigado por contrabando de cigarros em flagrante após localizar material configurado…

11 horas ago

Justiça manda Airbnb ressarcir despesas médicas de cliente que ficou paraplégica após acidente em hospedagem

A Justiça do Distrito Federal determinou que o Airbnb pague, na íntegra, os custos de uma…

11 horas ago

This website uses cookies.