A cada reunião de comissão, audiência pública ou até mesmo um breve encontro de três ou mais deputados, surge uma nova ideia para mudar o sistema eleitoral brasileiro. As propostas se misturam e fórmulas nunca testadas no mundo podem se tornar realidade no país nas próximas eleições. Contudo, especialistas alertam para os riscos do ineditismo e para a importância da participação da sociedade no debate. Uma das mudanças defendidas com mais ênfase é sobre o sistema de votos proporcionais. Entre as ideias, estão o chamado distritão, o distrital misto e até um inventado distritão misto. Especialistas afirmam que não existe um sistema ideal, todos têm vantagens e desvantagens. Mas eles concordam que o atual modelo eleitoral para deputados federais, estaduais, distritais e vereadores — proporcional com lista aberta — está inadequado.
O modelo chamado de distritão, em que os nomes mais votados são os eleitos sem considerar partidos e coligações, uma transição para o sistema distrital misto em 2022, é considerado atrasado por vários especialistas. Para o diretor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Calmon, o melhor sistema é aquele que consegue atender bem ao critério da representatividade da sociedade e que tenha facilidade para construir soluções para os problemas desta sociedade. “E não é isso que acontece”, disse ele. “Deixar que as definições da distritalização do Brasil fique para depois e à mercê dos interesses de partidos políticos é um risco alto que se corre. As regiões podem ser usadas de maneira estratégica para somar mais poder e número de votos”, afirmou por sua vez Sérgio Praça, professor da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.