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Óleo avança no Litoral Norte e chega a novas praias

 

O óleo que vem atingindo o litoral nordestino avançou e chegou às praias do Pilar, em Itamaracá, e na de Pau Amarelo, nas proximidades do forte de mesmo nome, em Paulista, ambas no Litoral Norte do estado. A informação foi confirmada pelas prefeituras dos municípios, nesta quinta-feira (24).

A partir desta quinta, as denúncias de óleo no litoral pernambucano pode ser feitas 24 horas por dias pelo telefone 185, central que funciona na Capitania dos Portos, no Recife.

Itamaracá, no Grande Recife, é a décima cidade a ser atingida pelo óleo, desde que a substância reapareceu no estado, há uma semana. Paulista teve registro da substância na quarta-feira (23), na Praia do Janga. Nesses sete dias, foram 958 toneladas recolhidas de resíduos das praias do estado.

Segundo Clóvis Barreto, secretário de meio ambiente de Itamaracá, fragmentos de óleo foram encontradas por volta das 5h10 pelas equipes de monitoramento, que vem atuando no município desde que a substância reapareceu em Pernambuco.

“São pontos individuais, não está como outras praias que vimos. São fragmentos numa extensão de cerca de 250 metros”, disse.

De acordo com o secretário, as manchas foram localizadas da Praia do Pilar até as proximidades da Praia de Jaguaribe. “Vamos isolar o local, para nenhum civil ter contato com o material. A Marinha e o Exército têm equipes para fazer essa limpeza. Queremos evitar casos de intoxicação”, apontou o secretário.

Em Paulista, a substância foi encontrada próximo ao forte de Pau Amarelo. Essa é a segunda praia do município a ser atingida. De acordo com o general Alexandre Cantanhede, comandante da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, um efetivo de 100 militares foi destacado para a limpeza.

“Além dos 100 homens, a Brigada tem um efetivo de mais 4.800 militares que estão em Pernambuco e Alagoas para serem empregados a qualquer momento”, afirmou o comandante.

Secretário de Meio Ambiente de Paulista, Ricardo Couto afirmou que, na quarta-feira (23), foram retirados aproximadamente 25 toneladas da Praia do Janga.

“Estamos fazendo o monitoramento e atentos a qualquer mancha de óleo que chegue na nossa costa. No Janga, vamos tirar os resíduos que ficaram nas pedras”, relatou.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Pernambuco, José Bertotti, a população pode ajudar mandando informações sobre as praias que forem afetadas pelo óleo pelo número 185. O telefone é utilizado para o envio de informações de emergências marítimas e fluviais pela Marinha.

“O 185 vem sendo utilizado pelas prefeituras, que recebem informações de pescadores, mas, desta forma, toda a população pode nos ajudar. O monitoramento é feito pela Secretaria de Defesa Social, Marinha e navios dos portos de Suape e do Recife, além da população. É um trabalho conjunto”, disse o secretário.

Ainda segundo o secretário de Meio Ambiente, na Praia do Cupe, em Ipojuca, no Litoral Sul, mergulhadores recolheram ao menos mil litros de óleo que estavam próximos a arrecifes.

“A gente recebeu, no Centro de Comando, que na quarta-feira, havia óleo, nos arrecifes em frente à Praia do Cupe. Foi feito um trabalho de mergulho e foram recolhidos cinco tonéis de 200 litros, cada. É uma análise que já era feita, porque uma parte desse material vem para a praia e outra, no mar”, afirmou o secretário.

Riscos à saúde

A professora de química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ana Paula Paim, explicou que, além do cuidado ao entrar em contato físico com o óleo, que pode causar doenças como dermatite, é preciso evitar a inalação da substância, mesmo que cada corpo tenha uma reação diferente.

“Quem inalar, por exemplo, pode ter sintomas como irritação, asma e tosse. Como só se faz pesquisa sobre os efeitos do contato humano com esse material quando registramos acidentes, temos poucos materiais na literatura a respeito desses contatos”, afirmou a professora.

A bióloga Mariana Guenther, professora da Universidade de Pernambuco, ressalta que o problema é físico e químico.

“Além do óleo que recobre os corais e o mangue, temos as substâncias que estão sendo dissolvidas na água e vão sendo encorporadas ao organismos. A preocupação é geral. Com os animais, com quem entra em contato com a água e quem pode vir a consumir esses organismos”, disse.

Consumo de peixes

Quanto ao consumo de peixes e outros crustáceos, o governo federal e estadual reforçaram que não há restrição de venda. Os produtos vêm sendo acompanhados e não há elementos que apontem contaminação. Um dos pontos que pode ser observado pelos consumidores é a questão do Selo de Inspeção Federal (SIF).

“Toda empresa que tem o selo de Serviço de Inspeção Federal, [a população] pode consumir o peixe fresco ou congelado. Não tem problema, porque as empresas, peixarias e estabelecimentos que tem esse selo, tem uma qualidade de controle de hidrocarboneto. Esse pescado é o tempo todo monitorado”, explicou o secretário Nacional de Pesca, Jorge Seif Júnior.

Óleo em Pernambuco

Ao todo, incluindo Itamaracá, foram atingidos 10 municípios, desde o dia 17 de outubro. O primeiro deles foi São José da Coroa Grande, no Litoral Sul, que, na quarta-feira (23), teve o decreto de situação de emergência reconhecido pelo governo federal. No município, 17 pessoas que tiveram contato com o petróleo foram ao hospital com sintomas provocados por reação à substância.

Além de Paulista, Itamaracá e São José da Coroa Grande, também foram atingidos pelo óleo Jaboatão dos Guararapes, Barreiros, Tamandaré, Rio Formoso, Sirinhaém, Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho. O Recife montou barreiras para evitar a chegada do óleo aos estuários.

Em Jaboatão dos Guararapes, nesta quinta-feira (24), a prefeitura distribuiu panfletos para conscientizar à população sobre como agir caso encontre manchas de óleo no litoral. No município, a denúncia da presença da substância na orla pode ser feita através dos telefones (81) 99975-5886 e 99291-3767.

Na quarta-feira, representantes de 15 prefeituras se reuniram com o governo estadual para planejar ações de prevenção e contenção do óleo. Mais cedo, o governador Paulo Câmara (PSB) anunciou um edital de R$ 2,5 milhões para 12 projetos de pesquisa para analisar a toxicidade do petróleo e seus efeitos na água, ecossistema e alimentação.

Especialistas afirmam que o impacto do óleo no meio ambiente vai durar décadas, com prejuízo para espécies marinhas, para toda a cadeia alimentar e para os seres humanos. Além do recobrimento de praias, arrecifes, mangues e solos rochosos, que são difíceis de serem limpos, os fragmentos se decompõem e há moléculas nocivas ao ecossistema e à fauna.

Desde a terça-feira (22), o Exército passou a trabalhar também na limpeza do litoral pernambucano, após determinação do vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB). Até então, voluntários estavam se deslocando até os locais afetados para fazer a limpeza.

Na quarta, o governo federal anunciou que vai solicitar formalmente à Organização dos Estados Americanos para que a Venezuela se manifeste oficialmente sobre o óleo.

Fonte: G1RN

Ponto de Vista

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