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Ocupações em áreas de risco no Brasil triplicam de 1985 a 2021, mostra estudo

As ocupações em áreas de risco no Brasil triplicaram em um período de quase quatro décadas.

Uma comunidade no bairro do Rio Comprido, na Zona Norte do Rio de Janeiro, amanheceu com uma cena triste. A casa onde morava Dona Maria da Graça Soares, de 60 anos, desabou na madrugada. O corpo foi encontrado nos escombros.

Nos últimos dias, choveu forte no Rio, mas os moradores disseram que não chovia no momento do desmoronamento. A área, considerada de risco, foi interditada.

Um levantamento do MapBiomas concluiu que triplicou a ocupação em áreas de risco de 1985 a 2021. Com base em fotos de satélite, os pesquisadores estruturaram como se deu a urbanização do Brasil nesse período. Moradias em áreas de risco existem hoje em quase 900 municípios brasileiros; 15% do crescimento nas favelas ocorreu em áreas de risco.

“É um problema bastante complexo. Você tem uma expansão urbana desordenada do ponto de vista jurídico. As pessoas ocupam essas áreas, não por vontade, mas por falta de opção. São áreas com menor valorização. Então, você pega uma área onde tem chance de ter desabamento, deslizamento e tal, as pessoas vão ocupar porque aquelas áreas valem menos do ponto de vista do mercado imobiliário”, diz Julio Cesar Predrassoli, coordenador do mapeamento de áreas urbanizadas do MapBiomas.

Os dados do MapBiomas também revelam um aumento das áreas de favela nos últimos 37 anos. Em termos de tamanho, o crescimento foi equivalente a três vezes o território de Belo Horizonte. O que o estudo mostra é que, em muitas cidades do país, a base da urbanização é a condição precária de moradia.

Em Belém, mais da metade do crescimento da cidade foi nas favelas. Em Manaus, as comunidades respondem por 44% do aumento da área urbana.

A pesquisadora da USP diz que o levantamento do MapBiomas retrata a piora das condições econômicas da população e a falta de alternativa para os mais pobres.

“A gente precisa, urgentemente, que as políticas habitacionais voltem a dar prioridade para as faixas de renda mais baixa, que tenham subsídios para essas faixas de renda mais baixa. O déficit habitacional brasileiro é 75% dele para população de zero a dois salários mínimos. Então, na verdade, é uma população que fica completamente desatendida pelos programas públicos e pelo mercado. Ela não tem alternativa de moradia”, afirma Isadora Guerreiro, pesquisadora do Labcidade da FAU/USP.

Ponto de Vista

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