O SAMBA “DA HORA” – 

O pandeiro, a cuíca, o violão sete cordas, o tantan, o surdo, o sax, o trombone de vara e o cavaquinho, devidamente afinados, aguardavam no palco a estrela maior – o sambista, naquele final de sábado de junho do ano que se respirava aliviado pela diminuição pandêmica que travou a vida musical.

Era um momento mágico, pois naquele ambiente – o bar e petiscaria Jatobar, em Ponta Negra, os sons se uniam a cada chegada de um amigo do samba, pelos obas e apupos dos que ali já estavam, para juntos celebrarem mais uma roda de samba.

Compositores, intérpretes, instrumentistas, sambistas de nascença, convidados, amigos da música, jovens, adultos e curtidores do samba de todas as idades, abraçavam o homenageado Alberto Da Hora, músico, regente, escritor, que comemorava seus setenta e cinco anos cantando ‘João Nogueira’, ‘Cartola’, ‘Almir Guineto’, ‘Nelson Cavaquinho’ e outros mestres do samba de roda.

Um ambiente mágico, onde cada artista presente tinha toda a liberdade de desfrutar e cantar a música  do seu sambista predileto ou de sua própria autoria.

A cada repique, a cada batuque, a cada acorde, a cada voz, uma aclamação ao sambista Da Hora.

Mesas ocupadas, onde cada presente cedia espaço para quem chegava. Parecia que éramos amigos de outras jornadas: “Pode sentar aqui”, “Pode levar essa cadeira”, “Junte a mesa”.

Meu coração, que durante aquele dia dava sinais de leve dor no peito, retomou a normalidade quando o mestre Da Hora começou a fazer o coração dele se entregar à alegria em cantar samba após samba.

Xô infarto!

Viva a música bem ‘letrada’ e bem ‘dizida’. Viva a percussão cadenciada. Viva o sopro que extrai das notas musicais a sonoridade do samba. Viva cada músico que esquece a ‘sofrência’ própria e entrega o melhor que pode na ‘sinfonia’ do compasso binário e do acompanhamento sincopado do samba.

A alegria contagiante me fez concluir que nenhuma roda de samba é igual a outra. Nessa, reencontrei amigos que há muito eu não tinha notícias. A emoção do reencontro também foi ponto alto.

O samba parou! Parou por que?

Era a hora de ‘Da Hora’, apagar a velinha – parabéns, parabéns, pelo seu aniversário!

Bolo servido, discursos enaltecedores e, em seguida, samba em várias notas.

Sai de lá com a certeza de que cada roda de samba guarda as suas características e, embora possa parecer a mesma coisa, ela não se repete. E mais ainda, sai feliz por sentir a felicidade de um amigo leal.

Viva o samba! Viva Da Hora!

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras (josuacosta@uol.com.br)

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,1270 DÓLAR TURISMO: R$ 5,3770 EURO: R$ 5,4970 LIBRA: R$ 6,4320 PESO…

17 horas ago

Crianças indígenas e não indígenas se encontram em Brasília para aprender juntas a história do Brasil

Desde pequena, Luna Katariru, da etnia Manchineri, conhece a história da luta indígena. Aos 7…

18 horas ago

Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 8

A Caixa Econômica Federal paga nesta sexta-feira (26) a parcela de abril do Bolsa Família…

18 horas ago

Após STF barrar medida, frente parlamentar defende a desoneração da folha: ‘Gerar empregos e renda’

Frente Parlamentar do Empreendedorismo, em nota assinada pelo seu presidente, deputado Joaquim Passarinho (PL-MA), defendeu…

18 horas ago

Divórcios e Vendas: na busca incessante pelo par ou cliente perfeito, as oportunidades passam

O Brasil tem enfrentado um aumento significativo no número de divórcios nos últimos anos, enquanto…

18 horas ago

PONTO DE VISTA ESPORTE – Leila de Melo

1- ABC e Náutico se enfrentam neste sábado pela segunda rodada da Série C do…

18 horas ago

This website uses cookies.