NOMES DE GENTE –

​O nome é o destino. As pessoas tomam atitudes, adotam um tipo de comportamento, influenciam e são influenciadas em razão do nome que lhe foi imposto.

​No Maranhão, José de Ribamar é tão comum quanto já o foi João Maria em Natal. Em São Luiz, mais uma criança foi batizada com esse nome. Acontece que o avô tinha um amigo inglês chamado Ney, Sir Ney. A palavra foi aportuguesada e posta no registro civil como Sarney. Esse José tornou-se presidente da República.

É possível imaginar que se Carlos Drummond de Andrade ter sido registrado com o brasileiríssimo José Silva. Este José, seria reconhecido como um dos maiores poetas do Brasil?

Na verdade, o nome diz algo sobre a personalidade, o caráter do portador. O nome tem magia, estabelece liame que segue o nominado pela vida.

​O nome próprio prova a existência civil do ser humano. Nele está o direito de cidadania.
Sobrenombre para os nossos vizinhos de língua espanhola é apelido. Em português, o que eles chamam de apelido é o nosso sobrenome.

​Nas duas línguas, não se estranha o significado do nome de família: Carneiro (e não Ovelha), Pires (e não Xícara), Machado, Delgado e até Aranha, Macaco, Maribondo, Grilo e Barata. Cavalo é sobrenome na França, Espanha. Há no Brasil, mas não no Nordeste.

Chico-Cavalo era o despertador e carregador de malas para o trem “bacurau” de Nova Cruz. Dorme-Sujo era o cabeceiro que levava pesos maiores. Meu pai considerava ofensivo e pediu aos muitos amigos que mudassem os nomes para Chico-Carneiro e Dorme-Bem.

​Este ano é o centenário do meu saudoso amigo, Vangt-un Rosado. Foi o caçula de uma ilustre família mossoroense, numerada em francês. O Seridó adota nomes de intelectuais: Lacordaire, Renan, Dinarte, Descartes, François Villon,

Lamartine. Pery Lamartine disse que conhecia uma pessoa chamada Shakespeare da Nóbrega Zola.

Em Natal, tivemos o admirável e bem humorado Mozart Romano. Como chefe de Gabinete do governador, recebeu um grupo de orgulhosos paulistas quatrocentões. A conversa girou sobre heráldica e antiguidade familiar. Mozart mostrou-se aos visitantes: “Consta que meus ancestrais mamaram numa loba e fundaram uma cidade chamada Roma”.

O acadêmico cônego Jorge O’Grady de Paiva, autor do “Dicionário de Nomes Próprios”, chamava a atenção para nomes que eram louvor: Pérola, Rosa, Margarida, Flor-de-Lis.

O ator Tyrone Power esteve aqui na época da guerra e fez amizades. Um amigo logo deu ao filho o nome de Tyrone, que veio a ser sogro do juiz Magnos Delgado.

A nossa excelência está nos hipocorísticos, designação carinhosa. Chamamos painho, mainha, vozinha, Zezé, Fafá, Susie, Lula. Este último foi muito acrescentado ao nome, na tentativa de herdar qualidades. Herdaram?

 

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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