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Negociação entre esquerda e centro, premiê temporário: o que acontece após as eleições legislativas na França

Franceses protestam contra a extrema direita na Praça da República, em Paris, no dia 7 de julho de 2024 — Foto: Yara Nardi/Reuters

Um dia após a surpreendente vitória da esquerda nas eleições legislativas francesas, o país dá início a um período de incerteza política.

Nesta segunda-feira (8), o primeiro-ministro Gabriel Attal, de centro, chegou a pedir renúncia, mas o pedido foi rejeitado pelo presidente do país, Emmanuel Macron. Macron quer que Attal permaneça no cargo enquanto o novo cenário se desenha.

A coalizão Nova Frente Popular, de esquerda, obteve 182 assentos na Assembleia Nacional, seguida pelo bloco de centro Juntos, do qual Macron e Attal fazem parte, com 168. Em terceiro lugar, a extrema direita, liderada pelo Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, obteve 143 cadeiras – mais do que tinha em 2022, mas com um desempenho menor do que o previsto após ter saído na frente no 1º turno.

Nenhuma força política, portanto, conseguiu chegar aos 289 assentos necessários para formar maioria e formar governo sozinha.

A França moderna não tem a tradição de eleger uma legislatura sem um partido dominante – algo que não é incomum em outros países europeus.

A situação força uma negociação entre duas as forças políticas mais votadas para formar uma aliança, e isso exige que parlamentares cheguem a consensos sobre o que o governo vai fazer. As divisões na sociedade francesa, sobretudo em temas como impostos, imigração e política externa para o Oriente Médio, torna o cenário desafiador.

Embora ainda não tenham batido, líderes da Nova Frente Popular, de esquerda, indicaram antes das eleições que poderiam se aliar ao centro para garantir uma maioria. No segundo turno das eleições legislativas, centro e esquerda retiraram candidaturas concorrentes em diversos distritos para enfraquecer a extrema direita — estratégia que deu certo.

A viabilidade de um governo juntando as duas forças, entretanto, ainda é incerta. Ambos os blocos nutrem desavenças profundas em determinados tópicos, como a reforma da Previdência francesa, por exemplo.

Logo após as pesquisas de boca de urna indicarem a vitória da Nova Frente Popular, Jean-Luc Mélenchon, um dos principais líderes da aliança da esquerda, cobrou de Macron, a admissão da derrota de seu campo político.

A “Nova Frente Popular (NFP) vai aplicar o seu programa, apenas seu programa e todo o seu programa”, disse Mélenchon. “O presidente tem o dever de convidar a Nova Frente Popular a governar.”

 

Até a publicação desta reportagem, Macron ainda não havia indicado quando fará o convite para que os partidos formem governo.

Caso as tentativas para formar uma coalizão entre os partidos fracassem, Macron poderia nomear um governo de especialistas não afiliados a legendas políticas. Esse governo provavelmente lidaria principalmente com os assuntos cotidianos de manter a França funcionando.

Essa alternativa, ainda assim, exigiria aprovação pelo novo Parlamento.

Decepção na extrema direita

Para a extrema direita, apesar do crescimento do número de assentos obtidos pelo Reunião Nacional (RN), o resultado foi uma decepção. No primeiro turno, ocorrido há apenas 1 semana, o partido de Marine Le Pen, havia saído à frente de todas as demais forças políticas — a sigla chegou a projetar obter para si a maioria absoluta da Casa.

Jordan Bardella, a liderança mais jovem do partido, que seria o premiê em caso de vitória do RN, disse que as eleições e os acordos políticos jogaram o país “nos braços de Mélenchon (político que é um dos líderes da esquerda francesa)”. Ele afirmou que vai amplificar o trabalho na oposição e chamou um provável acordo entre esquerda e centro de “aliança da desonra”.

Ponto de Vista

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