Na Igreja Católica a celebração do nascimento de Cristo foi instituída pelo papa Libério no ano 354 d.C., ou seja, 1.662 anos atrás. Das tradições do catolicismo, as comemorações natalinas foram as que mais se agigantaram com o transcorrer dos anos, até se transformar numa das maiores festas do mundo cristão.

A data deveria priorizar somente o nascimento de Jesus Cristo, símbolo da maior religião do Ocidente. Entretanto, deixou avançar a exploração mercantilista dando espaço ao consumismo e ao mundanismo que preencheram lacunas sagradas do evento, antes preservadas da ganância e da usura.

Em contrapartida, despertou sentimentos de consagração à união da família, à paz, à fraternidade e à solidariedade entre os homens.

Impressiona-nos, pobres mortais, a magia da noite de Natal. Mesmo sabedores do compartilhamento de uma cerimônia repetida durante séculos, ainda assim nos encanta e emociona as festividades do período.

A madrugada do dia 25 de dezembro evoca sentimentos relacionados à nossa história e ao passado. Ela nos reporta ao tempo em que esperávamos o Natal para confraternizarmos com pessoas próximas.

A nostalgia da comemoração fica por conta das lembranças de entes queridos ausentes ou falecidos. Aí não tem como evitar brotar a saudade decorrente da impossibilidade de materializar tais presenças na festividade.

O Natal traduz bem esse sentimento de perda. É só admirar a decoração típica e saborear a culinária tradicional da época para relembrar parentes ou amigos que compartilharam conosco Natais inesquecíveis.

Então explode a vontade de retornar ao tempo em que víamos a casa repleta de familiares, com as crianças pequenas e a vida fluindo embalada na felicidade de estarem todos ali reunidos, esperançosos de repetirem iguais instantes no futuro.

Recordar os Natais do passado é uma prática salutar, desde que não nos abarrotemos de lembranças tristes. Priorizando o pesar transformaremos o Natal-Alegria no Natal-Tristeza. Agindo assim vivenciaremos a comemoração com os pensamentos voltados para as perdas e não para os ganhos.

Nenhuma preocupação do tipo deve atrapalhar a alegria das crianças com o Papai Noel nem embotar o deslumbramento da festa. O contrário será exaltar a memória de mortos estimados em vez de exultar com a presença de vivos queridos.

No Natal o coração bate mais forte, porque celebrar o Natal é crer na força do amor. É desfrutar da felicidade de ver a família unida e contar com a presença daqueles que nos acompanharam em nossa jornada ao longo da vida. Sem percebermos tais companhias são, na verdade, os presentes que superam qualquer mimo deixado de lembrança embaixo da árvore de Natal.

O Natal é nascimento e um tributo à infância e às mães. Mas não se restringe a isso. Não é apenas um momentâneo espasmo de generosidade. Não é somente a ocasião para uma oração rápida, uma palavra bonita, para comidas, bebidas e festas.

O verdadeiro espírito do Natal é festejar a chegada do Filho de Deus, mandado ao mundo para perdoar as falhas dos homens e lhes mostrar o caminho da Salvação. Para nos inserirmos no espírito do Natal a nossa melhor oração consiste naquela que se eleva em silêncio do fundo de nossas almas para aquecer com ternura os corações dos entes que nos amam e aceitam que os amemos.

Por esbanjar tanta fascinação e magia a noite da Natividade é única.

José Narcelio Marques Sousa é engenheiro civil e escritor –  jnsousa29@gmail.com

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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