A retificação foi recomendada pela Comissão Nacional da Verdade, que considerou que Virgílio Gomes da Silva é desaparecido em decorrência de ação perpetrada por agentes do Estado brasileiro, em um contexto de sistemáticas violações de direitos humanos promovidas pela Ditadura Militar implantada no país a partir de abril de 1964.
Quem foi Virgílio Gomes da Silva
Virgílio Gomes da Silva é considerado o primeiro desaparecido da ditadura militar. Nasceu em Sítio Novo, no Rio Grande do Norte, e foi para São Paulo, onde trabalhava como operário em uma indústria química e se tornou líder sindical.
Virgílio era filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), mas saiu do partido em 1967 e se uniu à Aliança Libertadora Nacional (ALN), quando viajou para Cuba para fazer treinamento de guerrilha.
Conhecido como “Jonas”, ele chegou a ser o segundo na hierarquia da organização, abaixo apenas de Carlos Marighella.
Em setembro de 1969, Virgílio comandou a ação do sequestro do embaixador americano, Charles Burke Elbrick e logo depois foi preso pela Operação Bandeirante, (Oban), em São Paulo. No mesmo dia foram detidos sua mulher e três de seus quatro filhos. A esposa ficou presa por nove meses.
Segundo presos políticos, Virgílio foi morto um dia após seu sequestro. As Forças Armadas chegaram a dizer que ele teria fugido da prisão.
O irmão dele, Francisco Gomes da Silva, que tinha sido preso no dia anterior, afirmou ter visto a chegada de Virgílio e escutado brutais cenas de tortura. De acordo com ele, o irmão foi algemado e agredido por cerca de quinze pessoas. Depois, ainda teria sido levado para outra sala, onde continuou a ser torturado até a morte.
Em 2004, foram encontrados o laudo e a foto do corpo de Virgílio. Ele tinha escoriações e hematomas nos órgãos internos e afundamento do osso frontal.
As investigações apontam que corpo de Virgílio foi enterrado no cemitério da Vila Formosa (SP), mas seus restos mortais nunca foram identificados.