MINHA ALMA NUA – 

(Livro da Escritora Maria Heloísa Brandão Varela)

Fui apresentado à escritora Heloísa Brandão pela amiga Liete Leite, ambas comendo caranguejo em um restaurante em Pirangi do Norte. Antes do “olá vocês” fiquei impressionado com a montanha de triturados do crustáceo da infraordem Brachyura, caracterizado por ter o corpo protegido por uma carapaça, que aparentemente de nada adiantou para a defesa do Decapoda naquele momento.

Mesmo assim, com a confiança de que já estivessem satisfeitas, puxei uma cadeira e iniciadas as praxes do “quem eu sou” e do “quem é você” abriu-se espaço para uma boa conversa que enveredou pelo mundo criativo da literatura e em especial o da poesia.

E quem é Heloísa Brandão?

Maria Heloísa Brandão Varela, virginiana de maio, nasceu em Ceará Mirim/RN e mora atualmente em Natal. Advogada, escritora, poetisa, artesã e, entre outras habilidades, membro da ACLA – Academia de Letras e Artes de Ceará Mirim.

Naquela oportunidade, a da apresentação, tomei conhecimento de que ela estava com um livro pronto para ser editado. Não era o seu primeiro livro ‘Voe, Sonhe e Descubra o Mundo’ que relata suas experiências como viajante por diversos países. Era um livro de poemas.

Quero ler o seu novo livro e conhecer você pelo seus poemas, disse a ela. Porém fomos tomados pela reclusão forçada pelo coronavírus. Enquanto isso eu acompanhava por mensagens, algumas outras poesias não incluídas no referido livro. Impaciente pelo não recebimento do livro resolvi questioná-la através de rimas, tipo uma peleja entre poetas, com o título de “Eu quero comprar o livro ‘Minha Alma Nua’”

Vejamos:

No mundo que não tem lado / Onde a vida é suave brisa / Do livro da poetisa / Eu estou interessado.

“-Não sou boa de rima / Mas vou tentar responder / O livro que você quer / Tô doidinha pra vender”.

Toda venda tem um preço / Pois diga como fazer / À autora meu apreço / Pois tô doidinho pra ler.

“-O preço é nossa amizade / Que nasceu ao bel-prazer / Amizade não tem preço / Mas o livro você vai ler”.

Agora tô mais tranquilo / Pois do livro vou saber / Seus segredos estão escritos / Cada um que descobrir / Vou contar para você.

“-Amigo diga onde você quer receber /  Mas tem que fazer uma jura / De guardar o que vai ler / É segredo de uma alma nua / Ninguém pode saber”.

A alma pode ser nua / Mas vestida de sutileza / Nada fica escondido / Por isso é que te digo / Ela pode ser nua / Mas não tem nada de crua.

“-Vamos deixar de bobagem / Diga logo onde entrego / Essa obra tão esperada / Pode ser durante o dia ou até de madrugada / De madrugada é pra fazer a rima / Mas não tome ao pé da letra.

Foi uma peleja improvisada.

Por fim recebi o livro, autografado: “Ao amigo, escritor, poeta Josuá. Ler os meus poemas é habitar na minha alma”.

‘Minha Alma Nua’ retrata a sua paixão pela vida e pela certeza de que o amor é interminável e motivador, mesmo quando aparentemente finda.

Em Autorretrato (página 107 do livro) diz “Acho que sou vaidosa na medida certa” e mais adiante aceita o tempo que passa em forma de gratidão: “Os anos foram generosos comigo, dividiram muito bem os tempos bem vividos e os tempos sofridos, os últimos foram colocados no cantinho do esquecimento, tiveram a sua serventia, ajudaram-me a aprender e a viver melhor, ser a pessoa que sou hoje”.

 Por aí, caros leitores, há de se inferir o que esta alma poética trás, na sua nudez, nas linhas e entrelinhas, poemas que agasalham sentimentos.

Acompanhe um deles: ‘Abismo’

Vida, vida, vida… / Um abismo entre nós / Quanto mais te conheço / Mais aumenta a distância / Parece um contrassenso / As nossas almas conflitam / Enquanto os corações se aproximam / Carrego as cores da felicidade / Tenho alma aberta para o mundo / Sou uma explosão de sentimentos / Afloram, espontaneamente, as emoções / E, falam alto na expressão da palavra / De tudo isto / Você é o oposto / Há uma grande distância entre nós.

Estou vagando pela ‘alma nua’ e nela tenho encontrado momentos em que a paixão disputa com a esperança o reencontro com um grande amor que tarda a chegar.

É uma delícia folhear e “vivenciar” as páginas deste livro.

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras (josuacosta@uol.com.br)

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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