MÃE NÃO DEVERIA MORRER II – Alberto Rostand Lanverly

MÃE NÃO DEVERIA MORRER II – 

Muito cedo aprendi que o amor calcula as horas por meses, os dias por anos e cada pequena ausência é uma eternidade. Ultimamente, por não tê-la mais comigo, o tempo simplesmente voou, fazendo com que acreditasse ser a saudade, um sentimento que gera dor quando perdemos alguém que amamos.

Faz um mês que me deixou, minha mãe; e mesmo assim, todos os dias, sinto cada vez maior a tristeza que experimentei no instante da despedida. Nesse período, que se foi como em um piscar de olhos, constantemente lembrei do seu sorriso e nossas conversas, dos seus conselhos e sua determinação em nunca reclamar, sabiamente encontrando uma forma para contornar situações.

Ultimamente mamãe, várias vezes entrei em seu apartamento, me dirigindo ao cantinho predileto em que regularmente lhe encontrava, só para tomar a benção, mas ele estava vazio. Apesar disso, senti a sua presença ao meu lado continuamente a sussurrar uma frase que constantemente me segredava em nossos longos diálogos: “Caminhe e vá, mude e seja forte. Não olhe para trás, apenas vá, respire e tente.”

A sua falta, modificou o meu cotidiano, por não poder realizar as inúmeras ligações telefônicas, para lhe dar notícias, escutar conselhos ou somente ouvir a sua voz. Quantas vezes nos últimos finais de semana, acordei cedo, pensando em ir até a sua casa, para juntos tomarmos aquele gostoso café da manhã, que nunca será substituído, pois era preparado carinhosamente pela senhora, exclusivamente para mim.

Recordo das diversas ocasiões em que sempre me estimulou, encorajou a seguir em frente, incentivando a colocar em movimento a minha essência, quer seja lendo, praticando esportes, viajando, escrevendo ou até mesmo lecionando como apaixonado professor dos cursos de Engenharia e Arquitetura da Universidade Federal de Alagoas.

Sem nunca me proteger, mas constantemente apontando o caminho a ser seguido, para mim sempre será daquelas criaturas raras, quase únicas, um ser iluminado, com a gigante capacidade de cuidar e amar, fatos que me levam a jamais esquecer não somente a doçura de sua voz, mas também o brilho dos seus olhos quando me fitava.

Marlene, minha mãe, a senhora foi uma criatura que incessantemente, externou beleza de espírito e bondade no coração. É muito difícil não estar mais ao seu lado, não poder lhe ter por perto. Mas estou tranquilo, pois sinto que continua feliz, constantemente a me guardar e amar, principalmente por conhecer o carinho que encontro em meu núcleo familiar, me oferecendo sustentação, para ganhar forças na expectativa de continuar a viver sem a sua presença, esse verdadeiro sonho que é a vida.

Saiba, que apesar de sentir a sua ausência há um mês, o amor que costumeiramente me uniu a senhora, somente aumentou. Beijos em seu coração.

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras e Filho de Marlene Lanverly

 

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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