A Grécia completará em maio sete anos apoiada em socorros externos para não quebrar. Enquanto Portugal e Irlanda reequilibraram suas finanças e recolocaram suas economias nos eixos, desde que passaram por situações de aperto na esteira da crise de 2008, os gregos ainda penam com os intermináveis ajustes e a estagnação. O impasse sobre uma nova rodada de empréstimos coloca o país novamente na condição de risco da Europa e suscita uma dúvida inevitável: até quando a relação com o bloco ficará em xeque diante de batalhas por mais recursos de um lado e cobrança por medidas impopulares do outro?
Os gregos negociam com a Comissão Europeia a liberação de recursos do pacote de ajuda de € 86 bilhões, acertado em 2015, para conseguir honrar uma parcela de € 7 bilhões de sua dívida que vence em julho. Como contrapartida, os credores, encabeçados pela chanceler alemã Angela Merkel, exigem uma garantia de que mais medidas duras, com cortes de gastos equivalentes a 2% do PIB, serão colocadas em prática caso as metas fiscais não sejam cumpridas. A proposta inclui desde redução de isenções de impostos até mudanças nas aposentadorias. O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza, afirmou que esta é uma “demanda irracional” e que não fará nada além do concordado em 2015.
Os credores estão divididos. Os europeus exigem que o Fundo Monetário Internacional (FMI) participe da nova rodada, mas a entidade reluta, pois considera irreal a meta imposta à Grécia, de alcançar 3,5% de superávit primário em 2018, quando em 2016 ele chegou a 0,07%. Estatutariamente, o FMI é proibido de emprestar dinheiro a países que não possuem perspectiva de pagá-lo de volta. Assim, o Fundo exige que a meta fiscal seja reduzida a 1,5% do PIB e que a dívida passe por uma reestruturação, com alongamento nos prazos. Pelas previsões da Comissão Europeia, no entanto, a Grécia terá um superávit primário de 3,7% no ano que vem.
Se o objetivo for alcançado, o país poderia participar do programa de compras de ativos do Banco Central Europeu (BCE) em 2018, aliviando os juros que paga para emitir dívida no mercado. Esta semana, a situação de risco se expressou no mercado financeiro. O rendimento dos títulos de dois anos atingiu o maior nível em cinco meses, passando de 7% para 10%. Tecnicamente, um acordo pode ser fechado até o final de junho, mas os lados trabalham para acertar a liberação dos recursos já na segunda-feira 20, quando os ministros das finanças da zona do euro se reúnem em Bruxelas. Após a data, inaugura-se um período de campanhas eleitorais pelo continente.
Os pleitos são vistos como um perigoso teste para o projeto de integração europeu, diante da ascensão de partidos populistas nacionalistas que estão se aproveitando da insatisfação popular com o atual momento para ganhar espaço. A falta de um acordo joga o bloco novamente em crise financeira, coloca o projeto de euro em dúvida e piora ainda mais a situação da Grécia. Isso pode resultar em um calote e na saída do país da união monetária. Nesse cenário, os gregos teriam que ressuscitar o dracma, sua antiga moeda, que teria um valor muito baixo para pagar as dívidas, todas cotadas em euro.
De 2008 a 2015, o PIB grego acumulou uma queda de aproximadamente 30% e o desemprego subiu para 23%, maior nível da UE . Cerca de 3 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza e a quantidade de suicídios aumentou em 35%. Mesmo que o impasse seja resolvido, o risco do colapso grego continuará a rondar. Difícil saber quais líderes estarão dispostos a estender a mão depois das eleições que podem remodelar a Europa. De concreto, há a constatação de que as relações entre a Grécia e seus vizinhos estão se esgarçando.
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