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França tem nova onda de protestos contra cortes no Orçamento

Diversos sindicatos franceses convocaram mais de 250 manifestações país a fora contra medidas orçamentárias, nesta quinta-feira (18). A greve deve paralisar os setores de saúde, educação, transporte e os serviços públicos do Governo.

Em Paris, linhas de metrô foram suspensas durante grande parte do dia, com funcionamento apenas nos horários de pico. Trens regionais também foram afetados. O Ministério do Interior estima até 800 mil manifestantes.

Cerca de 80 mil policiais foram deslocados, incluindo tropas de choque, drones e veículos blindados. Os atos fazem parte do movimento “Vamos bloquear tudo”.

Os manifestantes pedem que os planos fiscais do governo anterior sejam abandonados, que haja mais investimento em serviços públicos, aumento de impostos para os mais ricos e que a mudança que obriga as pessoas a trabalhar por mais tempo para receber a aposentadoria seja abandonada.

Essa nova onda de protestos acontece menos de duas semanas depois do novo primeiro-ministro Sébastien Lecornu assumir o cargo. A mudança gerou protestos no país. Lecornu foi nomeado pelo presidente Emmanuel Macron após a renúncia de François Bayrou.

O plano orçamentário para 2026 começou a ser discutido nesta quarta-feira (17). Essa seria uma tentativa de evitar a queda de seu governo, como ocorreu com seus dois antecessores. Para garantir uma maioria estável, o político de centro-direita busca o apoio da oposição socialista, que cobra diversas medidas, incluindo a implementação da chamada “taxa Zucman”.

A proposta prevê taxar em 2% ao ano fortunas acima de 100 milhões de euros (cerca de R$ 626 milhões), atingindo apenas 0,01% dos contribuintes, segundo seu idealizador, o economista francês Gabriel Zucman.

Contexto político

O presidente Emmanuel Macron e o novo primeiro-ministro Sébastien Lecornu enfrentam forte pressão para corrigir o déficit público, que no ano passado quase dobrou o teto de 3% da União Europeia.

O plano orçamentário anterior, de corte de 44 bilhões de euros, foi rejeitado pelo parlamento, derrubando o então primeiro-ministro François Bayrou. Lecornu ainda não esclareceu se manterá esse plano, mas indicou abertura ao diálogo.

“Continuaremos mobilizados enquanto não houver uma resposta adequada”, disse Sophie Binet, líder da central sindical da Confederação Geral do Trabalho (CGT). “O orçamento será decidido nas ruas.”

Apoio popular

O montante representaria quase metade da economia prevista pelo antecessor de Lecornu, François Bayrou, em seu plano orçamentário para 2026, que previa cortes sociais e a eliminação de dois feriados. O Parlamento, porém, rejeitou a proposta.

“Estamos diante de um bloqueio orçamentário, político, pela recusa em abordar seriamente o problema da não tributação dos super-ricos”, disse Zucman à rádio France Inter.

 

As exigências por “justiça fiscal” marcaram os protestos de 10 de setembro e também a greve convocada pelos sindicatos para quinta-feira (18). “O orçamento será decidido nas ruas”, afirmou Sophie Binet, líder da Confederação Geral do Trabalho (CGT) da França.

As autoridades estimam a presença de 400 mil manifestantes, o dobro da mobilização anterior.

Segundo uma pesquisa da Ifop, contratada pelos socialistas e divulgada na terça-feira (16), 86% dos franceses são favoráveis à “taxa Zucman” e 79% apoiam a redução dos subsídios às grandes empresas.

Rejeição patronal

O novo primeiro-ministro prometeu “rupturas” em relação aos antecessores. Entre suas primeiras medidas estão a desistência da supressão de feriados e o fim dos benefícios “vitalícios” para ex-membros do governo.

Apesar de se declarar “disposto” a lutar por “justiça fiscal”, Lecornu rejeitou a taxa Zucman. Seus aliados republicanos de direita no governo também se opõem, assim como a extrema direita de Marine Le Pen.

A federação patronal Medef ameaçou organizar uma “grande mobilização” de empresários caso os impostos aumentem, classificando a taxa Zucman como uma “forma de expropriação”.

O alerta é inédito durante o mandato de Macron, que, desde 2017, reduziu impostos sobre empresas e grandes fortunas em nome da competitividade e da atratividade da segunda maior economia da União Europeia.

Segundo o Senado, que pediu maior fiscalização, os subsídios públicos a grandes empresas somaram pelo menos 211 bilhões de euros (cerca de R$ 1,32 trilhão) em 2023.

Fonte: G1
Ponto de Vista

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