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Fórum Mundial da Água começa neste domingo em Brasília

O 8º Fórum Mundial da Água, que começa neste domingo (18), em Brasília, deve reunir cerca de 45 mil pessoas interessadas no tema da água. Desse total, 10 mil são especialistas vindos de mais de 100 países que estarão debatendo diferentes teses sobre a questão da água, em vários painéis ao longo da semana. O fórum é o maior evento relacionado ao tema e tem a chancela do Conselho Mundial da Água (CMA), organismo internacional responsável pelo acompanhamento da questão em todo o mundo há mais de 30 anos. Esta é a primeira vez que o fórum ocorre em um país do Hemisfério Sul, desde sua estreia em 1997, na cidade de Marrakesh, no Marrocos.

Atualmente, o presidente do CMA é o brasileiro Benedito Braga, professor titular de engenharia civil e ambiental na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e também secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do estado de São Paulo. Para ele, o grande objetivo do fórum é “aproximar a comunidade científica e técnica da comunidade tomadora de decisão”, ou seja, a classe política. Por essa razão, os governos de diferentes países foram convidados e estarão representados por chefes de Estado e ministros. Segundo Braga, é preciso “motivar os governantes para a importância da água para destinar recursos para as obras hídricas necessárias”.

uando foi escolhida para sediar o Fórum Mundial da Água, Brasília ainda vivia tempos de abundância em suas torneiras, situação que mudou drasticamente a partir da crise hídrica provocada pela escassez de chuvas no verão de 2016/2017. Para evitar um colapso no abastecimento da cidade, medidas de restrição tiveram que ser tomadas e hoje, mesmo com a recuperação parcial dos reservatórios do Distrito Federal, a cidade ainda enfrenta racionamentos. Para o biólogo Paulo Salles, diretor-presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), receber o evento neste contexto está longe de ser constrangedor.

“Na verdade, isso é muito bom porque nós estamos num momento muito significativo, um momento de muito aprendizado que significa duas coisas: primeiro, compreender que estamos vivendo um período difícil para o planeta inteiro. E, segundo, que estamos aprendendo com a crise hídrica”.

O professor, que tem doutorado em Ecologia pela University of Edimburgo, na Escócia, lembra que “a água é parte da economia, é parte da política, da organização das instituições, e nós não percebíamos isso porque ela não faltava”. Salles faz questão de frisar que crises hídricas vêm ocorrendo em várias partes do mundo atualmente. Por isso, o fórum é um momento para favorecer as trocas de experiências, compartilhar projetos, ideias e soluções para permitir o enfrentamento de dificuldades do futuro.

O evento também quer mobilizar o cidadão comum, ou “todo mundo que bebe água”, como diz Lupércio Ziroldo, um dos governadores brasileiros do Conselho Mundial da Água e presidente da Rede Brasil de Organismos de Bacias Hidrográficas.

Para isso, o fórum decidiu abrir espaço para a população participar. Foi assim que nasceu, durante a sexta edição do Fórum, em 2012, em Marselha, na França, a ideia do Fórum Cidadão, que seria a ponte dos especialistas e governantes com a comunidade dos que “bebem água”. A ideia é educar as pessoas de modo a evitar que se chegue ao ponto de precisar entender de água somente quando ela falta. Quando assumiu a coordenação do Fórum Cidadão, no âmbito do 8º FMA, Ziroldo e sua equipe pensaram em criar um espaço físico que fosse como um ponto de encontro. Surgiu assim a Vila Cidadã, com acesso gratuito de visitantes.

O Brasil foi escolhido para sediar o evento não por acaso. Segundo Ricardo Andrade, que é diretor de Gestão da Agência Nacional de Águas (ANA) e um dos 50 profissionais responsáveis pela organização do fórum, sua realização no Brasil se tornou “quase que uma obrigação”.

“As diversas instituições brasileiras ligadas à água se reuniram e entenderam que estava na hora de realizar o fórum na América do Sul. E isso se justificava com o argumento de que o Brasil tinha o que mostrar: a maior oferta hídrica individual do mundo”, diz ele.

“Não se consegue oferecer água de boa qualidade no tempo certo e no lugar correto se não tiver financiamento, se não tiver uma boa governança”. Na opinião dele, não adianta oferecer água se não tratar o esgoto, porque o manancial perde a qualidade. Mas Andrade é otimista e diz que os investimentos do governo avançaram e a conscientização da população também.

Ele avalia que a crise hídrica aumentou o interesse pelo tema. “É possível que o fato de se correr o risco de não ter água em casa, leve as pessoas a refletir sobre a água disponível, a necessidade de economizá-la, de usar essa água racionalmente, de protegê-la de certa forma, de cobrar dos governantes, e não apenas dos governantes, mas do cidadão, seu próprio vizinho”.

 

Fonte: Agência Brasil

Ponto de Vista

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