Não tem lugar certo ou hora certa, mas é comum ver pessoas com mania de estalar as articulações – seja apertar os dedinhos ao acordar ou estalar o pescoço durante as pausas do trabalho.
O barulho do estalo, chamado tribonucleação, ocorre quando há uma separação rápida das articulações ou juntas após um movimento. Nessas regiões do corpo, tem um líquido lubrificante, chamado líquido sinovial, que possui gases dissolvidos. Quando é feito um estalo, esses gases se agrupam em bolhas, gerando o som.
“É como se as articulações ‘abrissem’ e o gás formasse bolhas de repente, produzindo o barulho”, ressalta Lucas Melo, ortopedista doutor em Ciências do Sistema Musculoesquelético pela Universidade de São Paulo (USP).
Não é difícil ouvir dúvidas que questionam a segurança desse movimento, como: “estalar o pescoço causa Acidente Vascular Cerebral (AVC)?” “Os dedos engrossam ou ficam tortos após os estalos?”
Especialistas ouvidos pelo g1 explicam que, em geral, estalar é um fenômeno inofensivo e não causa danos às articulações. Mas, é preciso tomar cuidado com a força e frequência do movimento, pois, em casos raros, pode causar fraturas na região. Entenda mais abaixo!
Nessa reportagem você vai ver:
Nas articulações – junção de dois ou mais ossos que permitem os movimentos do corpo, existe o líquido sinovial, responsável por lubrificar as juntas e que possui gases dissolvidos, como oxigênio e nitrogênio.
Durante os estalos, as juntas são separadas rapidamente, o que abre espaço para a formação de bolhas. É nesse momento que é produzido o famoso barulho, chamado de tribonucleação.
Especialistas ouvidos pelo g1 explicam que não é possível estalar a mesma articulação de maneira seguida, uma vez que as bolhas precisam de um tempo de 15 a 20 minutos para se dissolver novamente no líquido.
O estalo é um processo natural das articulações que ocorre mesmo se a pessoa não apertar os dedos ou o pescoço de forma intencional, por exemplo. O estalo pode ser prejudicial somente em casos em que é associado com dor, inchaço ou vermelhidão.
“O estalo não é capaz de gerar dano às juntas. Em casos raros, a manipulação frequente e excessiva pode provocar algumas lesões nos ligamentos ou até mesmo nos vasos sanguíneos. Mas não há evidência robusta para atesta que estalar as articulações provoque malefícios a longo prazo”, ressalta Anderson Rocha, médico ortopedista e especialista em dor.
Para além desse processo natural de formação de bolhas, os estalos podem aparecer quando a articulação possui alguma inflamação ou irregularidade. Em casos de artrose, por exemplo, a cartilagem que reveste as articulações se desgasta, podendo gerar atrito e dor durante os movimentos. Nesses casos, pedaços de cartilagem podem flutuar na articulação, causando mais estalos.
Estudos mostram que os estalos não são capazes de inchar os dedos permanentemente, deixá-los tortos ou serem causadores de doenças como artrite ou artrose. Mudanças nas estruturas dos dedos só poderiam acontecer se houver uma fratura ou luxação, provocadas por um movimento brusco ou forçado. Por isso, não é recomendado tentar estalar os dedos de maneira seguida ou agressiva.
Conforme o ortopedista Anderson Rocha, o hábito de estalar os dedos rapidamente pode aumentar a espessura dos ligamentos ao redor das juntas, o que pode gerar uma sensação de engrossamento nos dedos. Porém, isso não significa que é uma alteração no funcionamento das articulações.
Em casos raros, estalar o pescoço pode aumentar o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC), principalmente em pessoas que possuem alteração na coluna cervical. Neste caso, um movimento brusco no pescoço pode causar um rompimento da parede interna da artéria vertebral, que tem como função levar sangue ao cérebro. Essa lesão pode formar um coágulo que bloqueia o fluxo sanguíneo, causando o AVC.
“Por isso, é importante ter cuidado ao manipular o pescoço de forma agressiva, e qualquer desconforto ou dor persistente deve ser avaliado por um médico”, alerta o ortopedista Lucas Melo.
Na maioria dos casos, os estalos não caracterizam nenhum problema de saúde, mas é recomendado buscar ajuda médica se:
Fonte: G1RN
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