ESTÁ PASSANDO UMA FASE DIFÍCIL? – Carlos Alberto Josuá Costa

ESTÁ PASSANDO UMA FASE DIFÍCIL? –

Começo dizendo que meus pés já pisaram as areias deste deserto árido que é a angústia. E mais, na travessia encontrei tantos outros no mesmo caminho e, outros tantos que deixaram suas experiências de dor às margens, para que soubéssemos que no próprio sofrimento somos fortificados.

“Ah, você diz isso porque não sabe a minha dor!”.

Nenhum de nós tem a medida do desespero do outro. Por mais que nos aproximemos, o zoom nunca será suficiente para enxergar a alma daquele que carrega o sentimento de culpa, de insegurança, de fracasso, de angústia, de abandono ou de qualquer outra forma que consome a sua vida.

“Não tem fim”. Cada dia esperamos pela noite, cada noite esperamos pelo dia, não como se espera o luar ou nascer do sol, e sim como uma coisa que nunca acaba.

Quando somos tomados por uma angústia é como se fizéssemos uma parceria com ela. Quando sentamos à mesa, mesmo sem ser convidada ela senta-se com você e, passa a sua fome. Somente ela se alimenta do seu desespero. Quando vamos para o quarto, lá está ela, de pijama ou camisola, deitada esperando você para azucrinar silenciosamente sua mente. Ela dorme, mas você é tomada de insônia aterrorizante: que chegue logo o dia! Ao amanhecer ela é a primeira a acordar e, como um despertador martela seu juízo e exaure suas forças.Aprendi uma maneira de não desfalecer de vez: dobrar os joelhos em oração e erguer-me segurando a mão de Deus para, como um invisual, ser guiado exclusivamente por Ele.

Outra coisa foi entender com clareza uma máxima que ouvimos tantas vezes, mas não a exercemos com plenitude: Fazei a tua parte e eu te ajudarei. Passei a fazer a minha parte, como um gladiador que sem olhar para a quantidade de inimigos, usando a espada de Deus, fui duelando e abatendo um a um dos demônios que insistiam em me aniquilar psicologicamente. A Excalibur ora era muito pesada, mas eu me socorria do olhar das pessoas, as mais diversas, que ali estavam. Enchia meu coração do sorriso das crianças e, juntava esperança ao fazer o bem a quem quer que fosse.

Bebi do poço da persistência da oração diária dos familiares mais próximos e de amigos que a seus modos me confortaram: “Isso Passa”.

Aprendi a mais nobre promessa de Jesus: “Estarei com ele na angústia, livrá-lo-ei e o glorificarei”. Ele precisa estar conosco no meio da tribulação. Isso em qualquer hora. Ele nos tirará dela. Para isso precisará que paremos de ficar agitados para poder Ele agir.

Aprendi também que há duas maneiras de se sair de uma angústia ou tribulação. Uma é simplesmente procurar se livrar dela e respirar aliviado quando tudo passa. Outra é encarar a tribulação como um desafio, para uma grande bênção que se aproxima. Se assim entendermos e vivenciá-la sem estar amaldiçoando a todos e a tudo, conseguiremos atravessar a ponte do desespero.

Quando estamos passando uma fase difícil sempre aparece falsos oásis que nos atrai para sairmos do amparo de Deus. Justificativas para abandonar a luta não faltarão. Saiba discernir o sopro do Senhor.

O desespero leva a: “não tenho mais fé”. Aprendi que não é falta de fé e sim de coragem para refutar o inimigo invisível e tão presente que gradativamente vai arraigando suas entranhas em nosso coração.

Aprendi que se não nos entregarmos a Deus para que Ele haja à sua maneira, o caminho da dor será muito mais longo e incerto.

Quando me despojei de todo o sentimento de indagações e continuei segurando a mão de Deus é que pude ter, no íntimo, um olhar suave para com a própria dor e, perceber o clarão do amor misericordioso dando um basta na minha angústia.

E ainda aprendi algo maravilhoso: não guardei nenhuma mágoa.

Aprendi a agradecer por tudo.

Obrigado a você. Sim você mesmo. Seu sorriso, seu ouvir, seu estar comigo fez com que Deus me animasse definitivamente.

Então pergunto: está passando uma fase difícil?

Isso passa.

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras (josuacosta@uol.com.br)