ENCHENTES NAS CIDADES E A CULTURA DA LIMPEZA PÚBLICA – Luiz Serra

ENCHENTES NAS CIDADES E A CULTURA DA LIMPEZA PÚBLICA –

Diante dessa tragédia carioca das chuvas torrenciais que acumularam e invadiram ruas e residências, volta à baila a discussão do problema maior: até que ponto o apoio dos cidadãos é fundamental para a limpeza dos seus logradouros? Sem querer relativizar a questão, não há dúvida que, para a coexistência de soluções, é igualmente relevante o papel do Estado.

Não basta estar no período de estio, o serviço básico para a manutenção da cidade deve ser levado à risca diuturnamente. Notadamente dos hoje chamados agentes públicos ambientais varrendo as ruas e recolhendo o lixo nas casas. O aspecto estrutural de certos logradouros que, durante uma enxurrada forte, ocasiona maiores danos à coletividade em certos locais do que noutros lugares.

Entra nesse rol de soluções o aspecto da engenharia urbana. Já nos anos 1990, o então prefeito da capital paulista, Paulo Maluf, construiu um piscinão (imenso reservatório de água) na região do Pacaembu. Os temporais vinham provocando verdadeiros rios ao longo das margens da avenida do mesmo nome. Pela tevê eram exibidas cenas de nítido desespero diante do sofrimento dos habitantes do lugar. Em que pese a polêmica política inicial, outros administradores paulistas seguiram a fórmula urbana. Hoje existem em torno de vinte piscinões no centro da grande metrópole. As superfícies foram urbanizadas, praças e largos, e os agentes de limpeza passaram a ter presença obrigatória durante todo o ano nessas áreas públicas. No Rio de Janeiro, a conhecida enchente da Praça da Bandeira foi por alguns anos minorada pela construção do piscinão, mas a sujeira e o acúmulo de detritos suplantaram a fase dois na educação citadina.

Os tais piscinões podem ser obras dispendiosas e localizadas, porém funcionam se acompanhadas de outras providências de manutenção. Efetivamente amenizaram a questão do enxurro nesses espaços do centro da cidade, no entanto os erros fundamentais continuam a existir nas chamadas periferias. Ocupações irregulares, negligenciadas pelos órgãos públicos de fiscalização, principalmente em encostas, somado o aspecto criminológico, tudo contribui para a catástrofe “natural” iminente.

Enfim, o papel de cidadania é importante nesses tempos de influência climatológica do fenômeno El Niño. Em todo o Brasil, inclusive em muitas cidades nordestinas, as águas rolaram de forma a causar estragos em diversas áreas populacionais. Na cidade de Curitiba, é uma exceção à regra geral, onde existem os melhores índices de cidadania nesse aspecto. Cuidar que o lixo não esteja abarrotando bueiros, ou mesmo a superfície de ruas, parques, estacionamento, o derredor de prédios e instalações, reduzirá os danos naturais das chuvas intensas e contínuas pela drenagem do acúmulo líquido.

Além do que fiscalizar e cobrar dos serviços públicos para que cumpram a norma essencial de manter a cidade limpa, como preceito indispensável, complementará a ação de cidadania por parte de todos os que estimam seu espaço de coexistência humana.

 

Luiz SerraProfessor e escritor
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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