DEVANEIOS – Flávia Arruda

DEVANEIOS –

 

Eu e meu gato – Eu também tenho um bichinho de estimação: um gato siamês. Ele é meigo e carinhoso. Adora receber carinho, ser paparicado e comidinha na boca. É um gato muito inteligente, com porte nobre e esquio, de gosto sofisticado. Meu siamês esbanja elegância.

Mas, nem tudo são flores. Ele é meio arredio, algumas vezes intolerante, porém, sempre perspicaz. É um desses felinos que não se deixa aprisionar. É um bicho do mundo. Se não fosse de raça, diria ser um vira-lata. Passo dias sem vê-lo.

Acho que anda por aí saciando as suas necessidades pelas casas vizinhas. Quando está enjoado, volta para casa com o rabinho entre as pernas a fim de filar a boia que, diga-se de passagem, é de primeira. Bicho solto é assim: prova um pouco daqui, um pouco dali…

O que mais me agrada nesse bichano é o seu retorno ao lar. Espero-o todas as noites. Deixo sempre o seu travesseiro limpo e cheiroso para quando ele sentir falta do aconchego, dos afagos e da comidinha caseira, pular a janela do quarto com cara de gato malandro, astuto e atrevido, daqueles que dá a unhada e esconde a pata.

Espero-o chegar de mansinho e se enroscar nas minhas pernas, miando manhoso, acariciando-me com seus pelos macios e cheirosos, pedindo colo.

Ainda bem que gato tem sete vidas e, eu, paciência para esperar!

Retrovisando – Quando, por algum motivo, olhando para trás, nos dermos conta que as coisas e pessoas que ajudaram a construir as nossas vidas são apenas peças que compõem a nossa história, ficaremos felizes de termos permitido que elas entrassem e saíssem de nossos caminhos.

Afinal, nossa jornada é e sempre será solitária, porque a vida apenas nos empresta oportunidades e companhias para que a caminhada se torne agradável.

Um minuto apenas – É naturalmente simples viver por um minuto apenas, e mais um minuto e mais um…

Quando percebemos, temos vivido longos anos de nossas vidas, recheados de experiências e vivências boas e ruins. Quando queremos atropelar o curso natural das coisas, o tempo vem e nos atropela.

Não conheço instinto maior e mais poderoso do que o instinto de sobrevivência, e por que não dizer o maior transformador de nossas vidas. Opondo-se muitas vezes ao convencional, superando nossos próprios limites, travando lutas diárias e eternas contigo, comigo…

Desejo ser todos os dias mexida, chacoalhada, bagunçada, agitada, despertada pela força desse instinto, do instinto que me mostra o quanto é possível e necessário, lutar para se viver, me viver, nos viver.

Às vezes só, às vezes aos pares, às vezes aos pares e ímpares… Às vezes.

Mas sempre. Sempre querendo, sempre sentindo, sempre buscando, sempre trocando, sempre modificando, sempre adaptando, sempre facilitando.

Nem sempre para sempre, porém sempre!

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora

 

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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