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‘Derrota humilhante’: o que acontece na Alemanha após líder conservador perder votação para se tonar chanceler

Em um resultado inesperado, sem precedentes na história recente da Alemanha e chamado de “derrota humilhante” pela imprensa local, o líder conservador alemão Friedrich Merz não conseguiu obter a maioria dos parlamentares para se tornar chefe de governo do país nesta terça-feira (6).

Na primeira rodada de votação, ele alcançou 310 dos 316 votos necessários para assumir o cargo, após uma rebelião de deputados descumpriram a orientação de seu partido.

O revés de Merz foi considerado inesperado para a nova coalização dos conservadores (CDU/CSU) com os social-democratas de centro-esquerda (SPD). O partido do líder conservador saiu vencedor das eleições parlamentares em fevereiro.

Esta é a primeira vez na história da Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial que um candidato a chanceler não consegue ser eleito na primeira votação no parlamento. Sem a votação, a Alemanha, principal economia da União Europeia, fica também tecnicamente sem um novo governo.

 

Então o que acontece agora? Veja, abaixo, cenários e possibilidades:

Nova votação

Uma nova votação na câmara baixa do Parlamento alemão será realizada ainda nesta terça. Após o primeiro resultado, a presidente do Parlamento, Julia Kloeckner, interrompeu a sessão para que os grupos parlamentares pudessem fazer consultas sobre como prosseguir com a eleição.

A câmara baixa do Parlamento, conhecida como Bundestag, tem 14 dias para eleger Merz ou outro candidato ao cargo de chanceler com maioria absoluta.

Os conservadores de Merz venceram as eleições nacionais em fevereiro com 28,5% dos votos, mas precisam de pelo menos um parceiro para formar um governo majoritário.

Na segunda-feira (5), eles assinaram um acordo de coalizão com os social-democratas de centro-esquerda, que obtiveram apenas 16,4%, seu pior resultado na história da Alemanha do pós-guerra. O acordo deixou a extrema direita de fora.

O que diz a Constituição

O Artigo 63 da Constituição alemã, a Lei Fundamental, diz que, para se tornar chanceler — o cargo do chefe de governo na Alemanha, equivalente a um primeiro-ministro em outros regimes parlamentares—, um candidato precisa obter maioria absoluta no Bundestag no primeiro turno. Merz obteve 310 votos, aquém dos 316 que constituem a maioria absoluta na Câmara de 630 membros.

Juntos, seu bloco conservador CDU/CSU e os sociais-democratas, seus supostos parceiros de coalizão, devem obter 328 votos. Em outras palavras, 18 membros de sua suposta maioria governista não votaram nele.

Antes de Merz, nenhum chanceler na história do pós-guerra havia falhado em obter o apoio do parlamento na primeira tentativa.

Outras votações

O Parlamento agora tem 14 dias para eleger um chanceler sob o mesmo sistema.

Cálculo parlamentar

Em princípio, candidatos alternativos poderiam ser propostos a qualquer momento, mas a aritmética parlamentar significa que os conservadores e o SPD são o único bloco bidirecional que pode obter maioria sem a Alternativa para a Alemanha, de extrema direita.

Propor qualquer outro candidato provavelmente exigiria uma extensa renegociação, possivelmente envolvendo um terceiro partido, como os Verdes, que exigiria suas próprias concessões. Compartilhar o poder com a AfD é um tabu para os partidos tradicionais.

Merz, que permitiu a aprovação de uma resolução anti-imigração com o apoio da AfD antes da eleição, dificilmente desejará iniciar seu mandato contando com o apoio de um partido que prometeu rejeitar e que foi oficialmente designado como “extremista de direita” esta semana.

E se tudo falhar?

Se, após 14 dias, Merz ainda não tiver conseguido a maioria absoluta, ele poderá ser eleito em um novo turno por maioria simples dos votantes.

Nesta fase, Merz certamente venceria se, após uma série contundente de votos perdidos, conseguisse manter o apoio que tinha desde o início.

Até que o impasse seja resolvido, Scholz permanece no cargo como chanceler interino.

Fonte: G1

Ponto de Vista

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