DE MÉDICO E LOUCO… –
Pois é… Todo mundo tem um pouco. Uma afirmação tão antiga quanto a própria medicina, ou quanto a loucura, mas que, de tão usada, perdeu a força do significado.
Quem afirma em sã consciência que não tem uma faceta alucinada, insana ou maníaca? Quem assevera de pronto que nunca clinicou entre amigos, recomendou uma terapia ou uma simples dieta alimentar?
É isto. Nós, seres humanos, sociáveis que somos, temos a tendência natural e evolutiva de aprender e ensinar, de passar adiante experiências, de impedir a repetição do erro e aprimorar os acertos. Também somos dados a abstrair, “viajar”, indo ao caos imaginário para esquivar-nos dos absurdos concretos.
Abstraí. Regressando ao intemporal adágio de médicos e loucos, afirmo que seu valor vai além das fronteiras pessoais e suplanta de forma simplista a base das relações humanas.
Ao mostrar um pouco dos defeitos e qualidades de todos de maneira geral e de cada um em particular, o que se pretende assegurar, a priori, é a carência de aceitação que precisamos cultivar, tanto com relação às nossas características, sejam elas positivas ou negativas, quanto com relação às peculiaridades alheias.
Essa máxima tão simples, tão gasta, tão batida, deve ser tomada como princípio no estreitamento social, permitindo que aceitemos uns aos outros para sermos aceitos, independente dos hábitos característicos de cada um.
Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada (rabelospencer@ymail.com)
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