DAS ELEIÇÕES NA REPÚBLICA VELHA AOS “CABRESTOS” DE HOJE: O QUE PRECISA MUDAR? – Luiz Serra

DAS ELEIÇÕES NA REPÚBLICA VELHA AOS “CABRESTOS” DE HOJE: O QUE PRECISA MUDAR? –

A recordar que, com o advento da República, a Constituição de 1891 foi promulgada com renovadas prescrições e novos interesses. A ideia era que a Nova Carta passasse a contemplar a efetiva representatividade popular, visto que na anterior Carta Imperial de 1824 o voto era baseado na renda; em tese, apenas os ricos votavam. A maioria da população ficava de fora, inclusive as mulheres.

Ocorre que a Carta de 1891 instituía o voto aberto, não era secreto, qualquer um podia saber em qual candidato o eleitor iria votar. Dessa forma, vicejou o voto de cabresto, ferramenta utilizada pelos coronéis dos tempos pós-monárquicos.

Como vimos, o termo voto de cabresto foi amplamente referendado no tempo da República Velha, dos primeiros anos da República até 1930. A revista humorística, O Malho, em 1902 estampou uma charge em que se via a figura de um chefe político do interior, um fazendeiro, e titulado coronel da Guarda Nacional, puxando pelas rédeas um jumento, em cujo lombo estava o dito: o eleitor.

Eram tempos de oligarquias rurais, com o controle político na mão de uns poucos. Eram grandes proprietários rurais e detinham a autoridade política e econômica em determinada região. Dizia-se que o coronel era o controlador da vida social do povoado ou do município. Era chamado de patrão, padrinho de batismo, enfim, quase todos tinham alguma relação com o chefe político nominado, a quem deviam favores e obediência no cotidiano de suas vidas.

No entanto se discute ainda se a imagem do “cabresto” foi extirpada lá pelas bandas da Velha República, ou se, décadas à frente, tomou novas formas e adereços na atual prática política? A imprensa vem nos enriquecendo de fatos curiosos que corroboram o jeitinho de amealhar votos com artifícios os mais hilariantes possíveis.

Como exemplo, nos anos noventa, em Vitória, ES, um candidato a vereador, que era protético, tentou ser eleito fazendo comícios em que atirava ao léu, e para o meio da assistência, dentaduras postiças como maneira de impactar a sua “generosidade profissional”! Claramente não obteve êxito e ainda teve de arcar com inegável prejuízo financeiro!

Havia outra curiosa estória contada em tempos de eleição em Minas Gerais, que determinado político de próspera cidade passara a distribuir para cada eleitor a metade de uma célula de alto valor para que fosse inteirada após as eleições! Imagine quanta gente passou a acorrer aos bancos para reclamar e tentar trocar cédulas danificadas?!

Entretanto não há outra forma de renovar, arejar a democracia. O voto é o instrumento no qual se exercita o sufrágio universal. Em tese, o direito de votar e ser votado. Em que pese à ideia da renovação tenha acabado um tanto desgastada pela longevidade em cargos eletivos de figuras carimbadas, como se diz na roda política. Não deveria ser assim.

É preciso divulgar a premissa da renovação de candidaturas para melhor depuração e saudável ordem de resultados, que favoreçam o dia a dia das pessoas; estas, eleitoras conscientes de estar exercendo plenamente a cidadania. Renovar as esferas dos executivos, é renovar ideias e mentalidades, e não instituir carreiras eletivas, no contrassenso da vontade popular. Renovar é a nova ordem!

 

Luiz SerraProfessor e escritor
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