CRISE HÍDRICA NO RIO GRANDE DO NORTE: O DESAIO DO SEMIÁRIDO E O ESPELHO DO BRASIL –
Introdução
O Rio Grande do Norte, inserido no coração do semiárido nordestino, vive hoje uma contradição que ecoa pelo Brasil inteiro: somos um país com a maior reserva de água doce superficial do planeta, mas convivemos com bolsões de escassez que lembram desertos. A recente inauguração da Barragem de Oiticica (2025), celebrada como marco histórico, revela tanto o avanço da engenharia quanto a lentidão estrutural das políticas públicas — afinal, uma obra não é capaz de sanar um problema que é, antes de tudo, civilizatório.No RN, a água deixou de ser apenas um recurso natural: ela se tornou símbolo de desigualdade, poder e sobrevivência. Discutir a crise hídrica não é tratar de canos, represas ou chuvas — é falar de dignidade humana, de saúde coletiva, de soberania alimentar e de futuro.
O mapa da escassez
Os números são eloquentes: barragens operando com menos de 10% de sua capacidade, comunidades rurais recebendo água por carros-pipa, rios urbanos transformados em esgoto a céu aberto. No semiárido potiguar, a irregularidade das chuvas não é novidade, mas a intensidade recente das secas e a contaminação dos mananciais urbanos expõem um quadro alarmante.
A desigualdade hídrica amplia a vulnerabilidade social: enquanto alguns centros urbanos recebem água tratada diariamente, povoados inteiros sobrevivem de cisternas improvisadas e fontes contaminadas. O resultado é um ciclo perverso — doenças de veiculação hídrica, insegurança alimentar, êxodo rural e a perpetuação da pobreza.
Água, poder e sociedade
A crise hídrica não é apenas um problema físico: é também político e ético. O controle da água significa controle da economia local, da produção agrícola e até mesmo do voto em comunidades dependentes do carro-pipa. No RN, como em grande parte do Nordeste, o desafio é romper com essa herança de dependência e paternalismo que transforma a escassez em instrumento de dominação.
Nesse sentido, discutir o acesso universal à água é tão revolucionário quanto discutir educação ou saúde pública: trata-se de romper com a lógica de privilégio e instaurar o princípio de equidade.
Caminhos possíveis: ciência, tecnologia e cidadania
A solução não virá de um único gesto ou de uma barragem monumental. O caminho exige múltiplas camadas de ação:
A crise como oportunidade
O semiárido potiguar pode ser visto de duas formas: como um problema insolúvel ou como laboratório de inovação. A segunda visão é a que inspira. Se o RN for capaz de criar soluções inteligentes de gestão hídrica, pode se transformar em referência global de convivência sustentável com a escassez. Em tempos de mudança climática, quando até países ricos começam a enfrentar ondas de seca, o conhecimento produzido no Nordeste pode ser exportado como tecnologia social.
Conclusão
A crise hídrica no Rio Grande do Norte não é um drama isolado — é o espelho de um Brasil que ainda não aprendeu a cuidar de sua maior riqueza. O futuro não se resume à construção de barragens, mas à construção de uma nova mentalidade: a água como direito humano inalienável, bem comum, fonte de vida e justiça social.
Enquanto não compreendermos que cada gota economizada, cada rio preservado e cada sistema de esgoto tratado são atos de cidadania, continuaremos reféns da seca, da desigualdade e do atraso. O RN, hoje, nos convoca a uma reflexão nacional: o Brasil será uma potência hídrica do futuro ou um país que se afoga em sua própria negligência?
Sara Natália – Estudante de direito
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