CRIADOR E INSPIRADOR DE “O PEQUENO PRÍNCIPE” : LEITURA DO SÉCULO! – Luiz Serra

CRIADOR E INSPIRADOR DE “O PEQUENO PRÍNCIPE” : LEITURA DO SÉCULO! –

A virada do século mais conturbado da história, a 29 de junho de 2000, reverenciou-se o centenário de nascimento de Antoine de Saint-Exupéry. Desde pequeno revelou pendores para o desenho, de estilo caricatural, em cujos trabalhos trazia a admiração a concisa narrativa determinada pela reflexão. Inspirou-se na gênese do voo com os precursores da aviação, dentre estes o brasileiro Santos Dumont e os franceses Rolland Garros, morto em combate na Primeira Guerra Mundial, e Jean Mermoz e Henri Guillaument, celebrados pelas longas e heroicas travessias do Atlântico com a notável Companhia Aeropostal Francesa, Latécoère, os quais inclusive atravessaram o Brasil dezenas de vezes entre os anos 20 e 30.

Exupery eternizou as façanhas da Latécoère e seus heróis nos livros Courrier sud (Correio do Sul), de 1929, e Vol de nuit (Voo Noturno), de 1931; antes concebera a novela de ficção L’Aviateur (O aviador) no ano de 1926.

O aviador Jean Mermoz, pioneiro do ar, decolou de Saint-Louis (atual Senegal) a 12 de maio de 1930 para a primeira viagem transatlântica de correio aéreo sem escalas, aterrissando no Brasil, em Natal, após 21 longas horas de voo, percorrendo a distância de 3.173 km a bordo de um hidroavião Laté 28. Em 1936, completara 35 anos, e 25 travessias do Atlântico Sul, quando desapareceu com sua tripulação a bordo de um hidroavião Laté 300, já pela empresa Air France.

Henri Guillaument, tido como ás dos ases, mito da expansão aérea francesa pelo mundo, que fez a travessia da Cordilheira dos Andes desde a Argentina, durante a Segunda Guerra, convocado para missões de escolta aérea de comboios no Atlântico, em 1940, seu avião acabou abatido por um avião de caça italiano no mar da Síria. Exupery escreveu a obra Terra dos Homens (Terre des hommes ) dedicado ao grande amigo aviador Guillaumet.

A obra maior de Antoine de Saint-Exupéry, que o revelou para o mundo literário, sem dúvida, foi a obra infanto-juvenil Le Petit Prince (O Pequeno Príncipe), em que revela a mescla da magia e do sonho de um menino e a sintonia do autor com suas aptidões e sopros de paixão, entrelaçados no ilustrador, o pensador e a aviação. Livro lançado em 1943 nos Estados Unidos, um ano antes de seu acidente fatal na Guerra.

O trecho do Pequeno Príncipe que comoveu tantos jovens e adultos pelo mundo, como um mantra, ou versículo de uma lição de vida, sem dúvida está nestas breves linhas:

“Cada um é responsável por aquilo que cativa. Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

Deixou reflexões fundamentais para os homens, que não façam julgamentos equivocados que o possam conduzir ao labirinto sombrio da solidão:

“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.

Além de cativar tanta gente, no século mais conturbado que vivemos, da fala do Petit Prince, eis a visão de bem-querer para a humanidade:

“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”.

Em 1922, Antoine Marie Jean-Baptiste Roger de Saint-Exupéry havia se brevetado como piloto militar, indo para a reserva como adjudant (subtenente) de la Force aérienne. Na Segunda Guerra Exupery foi designado pelos aliados para pilotar aviões P-38 Lightning, em patrulha no Mediterrâneo. Decolou em 31 de julho de 1944, para observar movimentação das tropas alemãs no sul da França, e não retornou.

Em 1998, um velho pescador de Marselha, Jean Claude Bianco, encontrou na rede uma pulseira prateada, com as inscrições dos nomes de Antoine de Saint Exupéry e da mulher, Consuelo.

No entanto Saint-Exupéry se eternizou com seus ensinamentos de pura arte que nos legou, como este magnífico dístico encorajador além de revelador do sentido único da amizade universal:

“As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Tu, porém, terás estrelas como ninguém… Tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo”.

 

 

 

Luiz SerraProfessor e escritor
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