Com ou sem impeachment

Amaro Sales de Araújo

A crise atual chegou em quase todos os ambientes e temas, mas, Graças a Deus, não contaminou o nosso direito de sonhar. Infelizmente, hoje, diante de tanta intolerância e falta de espírito público, o que seria razoável se torna sonho.

É fato notório que o Governo Federal dedica-se unicamente a evitar o impeachment da Presidente Dilma Roussef. Todos os esforços se voltaram para o campo político. Também é facilmente visto que há uma disputa pessoal entre o Presidente da Câmara com a Presidente da República e na briga “entre o mar e o rochedo é o marisco que se arrebenta”. Em meio a tudo, existe ainda o tempo dedicado ao assunto no Senado Federal e no Supremo Tribunal Federal, além de todas as outras instituições que direta ou indiretamente estão envolvidas na questão.

O Brasil é uma democracia amadurecida, com instituições consolidadas e uma Constituição que, mesmo com mais de 90 emendas depois de promulgada, está vigente e respeitada. Por sua vez, são legítimas as manifestações pacíficas dos blocos e segmentos que defendem o afastamento ou a permanência da Presidente da República. E, mais ainda, já foi julgado que é legal e possível o procedimento de impeachment, ou seja, existem regras no Estado Democrático que podem afastar um Presidente da República sem que o fato se configure golpe. É preciso, contudo, que exista motivação, análise que jurídica e politicamente o Congresso Nacional fará por meio da Câmara e do Senado.

Mas, diante deste contexto, qual é o sonho, que não deveria ser impossível? Simplesmente que o espírito público movesse as autoridades e as lideranças e que o bom-senso predominasse no sentido de que, mesmo em uma crise política, algumas colunas de sustentação da economia não fossem afetadas, ou seja, a briga entre eles precisa ter limites e não pode contaminar completamente a sociedade. Precisamos trabalhar! A vida, com ou sem Dilma, continua e as contas chegam a cada final de mês. Para pagá-las precisamos trabalhar, produzir. É devido cobrar, portanto, que as lideranças estabeleçam um limite ético e responsável diante do embate. Situação e Oposição podem conduzir o País para uma situação de caos total. A responsabilidade deve ser dividida. Aliás, a começar pela escolha de datas e horários mais convenientes para manifestações que param cidades, obstruem rodovias, dificultam o acesso à hospitais e empresas. É particularmente revoltante investir em uma empresa, contratar pessoas, contrair empréstimos, comprar mercadorias e, frequentemente, precisar fechar as portas, suspender vendas e produção, porque um grupo ou outro, em dia útil, resolve parar a cidade ou parte dela. Nos deixem trabalhar!

O sonho, portanto, é da razoabilidade. A crise política existe, é grave, mas deve ser tratada à luz da legalidade e do bom senso. Não sendo assim, mesmo para os mais otimistas, o Brasil, que já está estacionado, desligará os motores.

Amaro Sales de Araújo, Presidente da FIERN e COMPEM/CNI.

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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