COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DE CHATOS – Antonio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DE CHATOS –

Em tudo que é canto, existe o chato e ninguém está livre de encontrar o chato do momento, que é aquele que aparece na hora mais inconveniente.

Existe o chato conhecido, que assume a condição de ser identificado à distância. O suficiente para, ao se aproximar, provocar logo a observação: “pronto acabou a tranquilidade, lá vem o chato”.

O chato não é somente aquele que conta histórias compridas, fala pegando no braço, fala batendo em quem esteja vizinho, fala com o “bafo de onça” dirigido diretamente para a sua cara, ou relembra fatos desagradáveis ou inconvenientes.

Eu tenho, por costume, antes de me estender com qualquer assunto, escutar e prestar atenção ao comportamento do grupo, para não correr riscos.

VI, recentemente, um dos componentes do grupo onde estávamos conversando, falar mal de determinado político. Eu sabia que ele era muito amigo de um dos participantes, e olhei, disfarçadamente, para o próprio. Dava para sentir o seu descontentamento.

Noutra oportunidade, OUVI comentários sobre determinada figura feminina, que eu sabia ser parente de outra pessoa, presente no grupo. Não precisa dizer nada.

Se fosse usada a velha sabedoria popular que diz: “em boca fechada não entra mosquito”, muitos chatos não existiriam.

DR

Você precisa discutir com a mulher, namorada, amante, ficante, seja lá qual classificação tenha, os assuntos que estão incomodando o relacionamento, e resolvem jantar num restaurante tranquilo, e fazer uma DR.

Quando inicia o “papo”, eis que aparece o “chato do momento”, que já vem acenando de longe.

Você diz para a mulher: se prepare para deixar a DR para outro dia.

Ele se aproxima e fala: como vai o “nobre” casal? O chato, pra completar, tem um palavreado abusado.

Mesmo recebendo apenas um “sorriso xoxo”, como resposta, fala: que bom ter encontrado vocês… Posso sentar?

Já sentando.

Se a DR se prenunciava difícil, imagina agora.

Uma noite chata.

DR? Já era.

O INCONVENIENTE

Um seu amigo, depois de um longo período de doença, “perde” a pessoa do seu relacionamento.

Você, pra “desmastrear”, com dificuldade, consegue convencê-lo a beber uma cerveja no bar que abriu há pouco, e onde tem a mais gelada da cidade.

Ótimo. Sentam-se e começam a falar das vaquejadas de antigamente, e aí lembram dos forrós, dos acontecimentos engraçados, das figuras bonitas ou feias que surgiram, e por aí vai.

Quando o clima já está se “desanuviando” e o amigo saudoso já estava entrando noutra “vibe”, eis que chega o “chato do momento”.

Já chegando e já sentando, vai dizendo: “fulano”, foi bom encontrar você aqui!!!

Não pude ir ao enterro de sua mulher e, como perdi o celular, sem a agenda, nem pude nem lhe ligar para dar os pêsames.

Depois de tantos anos juntos, deve ser muito chato ficar sozinho. Não é?

Ele mesmo responde: sim, mas a vida é assim mesmo. Patati, patatá…

Você resolve interromper, e fala: amigo, estávamos conversando sobre vaquejada e…

Então ele, já cortando sua intervenção, diz: por falar nisso, você soube que Manoel, aquele cara que corria num cavalo alazão, também “perdeu” a mulher? Foi pior que você. Morreu ela a filha num acidente de automóvel…

A solução?

Justificar que já estavam encerrando o papo, levantar, e ir embora

O CUSPIDOR

Tenho um amigo, que é daqueles caras que, quando está comendo, não admite nem que se fale de qualquer seboseira, quanto mais vivenciar a própria.

Aqui pra nós, eu também sou assim.

Enfim, nada melhor que beber e comer, num ambiente limpo e tranquilo.

Esse meu amigo, já bem situado na vida, fez contato com vários colegas, também vitoriosos nas suas profissões, para um encontro, onde jantariam e colocariam em dia os assuntos que, há muito, não foram discutidos.

Combinaram um restaurante, onde poderiam conversar, rir, e relembrar os casos vividos.

No dia e hora aprazados, chegaram todos, e foi aquela alegria, conforme era o previsto.

Não esperavam nenhum contratempo até visualizar o “sujo”, o “fedorento”, enfim, aquele colega da escola, que também não viam há muito tempo e nem tinham ideia, por onde ele andava.

Pois bem. É ele mesmo que vem adentrando ao restaurante.

A mesa que tinha sido reservada para um determinado número de comensais, em tese, não caberia mais ninguém.

Porém, ao se aproximar, ele fala: só acredito vendo. Encontrar essa ruma de colegas tudo de uma vez, só posso ter tirado na loteria.

Puxando uma cadeira da mesa vizinha, arranja espaço, sabe onde? Junto de quem? De mim. E o pior: entre mim e o meu amigo que detesta até pensar em seboseira, quando está na mesa para comer.

“Sujo”, há dias sem tomar banho, passa o braço por cima do seu ombro e começa a contar suas peripécias, sem dispensar a chuva de saliva que cai, exatamente, no seu prato.

Daí pra frente, é começar a perguntar a Jesus, o que danado fez para merecer aquilo.

Como solução, faz de conta que está atendendo ao celular e justifica a saída para atender uma urgência que a mulher está lhe chamando.

Adeus jantar.

 

O QUE CONTA GRANDEZA

Como diz o matuto, você tem “bastantes posses”, mas é muito reservado.

Embora possuidor de lancha no Iate Clube, Veículo 4X4 para fazer as mais difíceis trilhas, somente usar roupa de “marca”, uma casa de fazer inveja a qualquer abastado, costuma ser discreto na sociedade.

Mesmo podendo somente beber dos uísques mais caros, prefere pedir o Black & White, porque gosta e até porque acha o Old, muito cheiroso.

Estando num gostoso papo com amigos, eis que aquele seu conhecido “metido a besta”, chega.

Sentando na mesa, sem ser convidado, vai logo dizendo: amigo não bebo esse uísque, porque me dá uma dor de cabeça danada e tenho um “desarranjo” que quase não para.

Dizendo isso, já vai pedindo ao garçom, uma dose dupla de Old Parr, obviamente, sem a intenção de pagar.

Depois de falar de sua casa no melhor dos condomínios da cidade, da trajetória vitoriosa dos seus filhos – só não igual a trajetória de Lulinha – das viagens à Europa, dos últimos negócios milionários que realizou, agradece o papo e diz que vai combinar com a “patroa” para fazer um jantar e convidá-lo para conhecer a sua nova mansão.

Sem pagar a conta, sem dizer onde mora e nem dar o número do celular, se levanta e se vai.

Ainda bem.

É agradecer a Deus.

O MENTIROSO

Conheço um cara que gosta muito de “aumentar” as histórias. Quando me falam sobre ele, penso até que falam por maldade, mas, particularmente, tenho que concordar.

Essa eu não VI, mas OUVI.

Me disseram que ele estava tão entusiasmado com o caso que estava contando, que não se deu conta que morria.

Quando notou a besteira que tinha dito, teve que tentar consertar.

Sem solução, terminou dizendo que a história era brincadeira

 

O QUE FAZ ENCOMENDA

Com o avanço do mercado eletrônico, das compras pela Internet, diminuíram, substancialmente, os pedintes por encomendas, em especial do exterior.

Nos meus tempos de menino, lembro que meu pai voltava das viagens ao Rio de Janeiro, pagando excesso de bagagem, para atender os pedidos de compras, de pessoas do seu conhecimento.

Além de perder tempo procurando as encomendas, as vezes, o pagamento ficava para depois e era esquecido.

Haroldo Azevedo, que vai mais ao exterior que eu a Monte das Gameleiras, caso não tivesse “cortado” o atendimento dessa prática, desde o início, já teria passado por situações vexatórias.

Sem me dizer o nome do pedinte, me falou de uma encomenda que determinado motociclista fez, para ele trazer, dos Estados Unidos, um capacete.

Veja bem. Até para acomodar na bagagem, seria ruim.

Qual foi a solução? Comprou um chaveiro, cuja peça pendurada, era um capacete, e deu de presente ao pedinte.

O cara nunca mais lhe pediu nada.

O PEDINTE CONTUMAZ

Tive como companheiro de trabalho, um amigo, que não costumava comprar cigarros.

Não era por falta de dinheiro, pois recebia na mesma faixa, ou próxima da faixa de todos nós.

Era mania de pedir, mesmo.

Essa eu OUVI.

Ele vendo uma caixa retangular no bolso da camisa de um dos colegas, já batendo nela, diz: coleguinha me arranje um cigarro.

O demandado fala: isso não é uma carteira de cigarro. É a caixa de um colírio.

Para não “perder a viagem”, Coleguinha pede: então bote uma gota aqui no meu olho, que está irritado…

 

Antônio José Ferreira de Melo – Economista – antoniojfm@gmail.com

 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
Ponto de Vista

View Comments

  • "COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI"
    Qual o mais CHATO : O vi, o ouvi ou o viví ???
    Imaginem os 3 juntos !!!
    É de lascar !
    Vai crescer, pentelho !!!
    kkkk kkkkk...........

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