COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DA NAVEGAÇÃO – Antonio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DA NAVEGAÇÃO

O BARCO FLYING FISHER

 

EPISÓDIO I – O BARCO FLYING FISHER A VELA

Comprei de Chico Miséria, que já não está mais entre nós e os mais novos não sabem quem foi, mas foi um grande vivedor, um barco a vela que ele dava o pomposo nome de Flying Fisher.

Era, na verdade, nada mais que uma prancha de compensado náutico, sem grandes, ou nenhum, rebuscamento.

Levei o “equipamento náutico” para a granja da Lagoa do Bomfim e, na época, fizemos grandes brincadeiras, em especial nas noites de lua, quando o “Comandante de Longo Curso”, Fernando Coró, assumia o comando dos passeios.

Uma coisa que nunca aprendi, foi velejar. Porém, sem contar com os préstimos do Comandante Coró, e movido pela “cachaça”, num certo dia ensolarado, resolvi, juntamente com um grupo que estava na granja, sair velejando pela lagoa.

Enquanto ia em linha reta, até que a coisa não foi mal. Porém, ao chegar na área do Clube dos Caçadores, resolvi “dar o bordo”.

Deu-se a desgraça. O Flying Fisher virou.

Como estávamos próximo à beira da lagoa, não só conseguimos nos salvar, como também salvamos o barco.

O pessoal que ficou na granja e acompanhava o “passeio”, de binóculo, veio nos resgatar e depois o Comandante Coró levou o barco ao porto seguro.

Velejar pilotando? Nunca mais!!!

EPISÓDIO II – O BARCO FLYING FISHER MOTORIZADO

 

A VIAGEM INAUGURAL

Depois da malfadada experiência como velejador na Lagoa do Bomfim, e como sempre gostei de barco motorizado, mandei adaptar o Flying Fisher para receber um motor de popa e o levei para Pirangi.

Para a viagem inaugural convidei José Maria Figueiredo e Leonardo Sodré.

Diferentemente do ocorrido na Lagoa do Bomfim, tinha a certeza de que os meus conhecimentos náuticos, com barcos motorizados, nos levariam à um tranquilo passeio.

Saímos em direção a Cutovelo, contornando a ponta do terreno dos Lamartines, onde hoje é o Porto Brasil, e fomos em direção à praia.

O excesso de confiança, auxiliado pela bebida, jogou meus dotes para o espaço.

Aproximei-me demasiadamente da beira da praia e uma forte onda fez o Flying Fisher virar, diga-se de passagem, perigosamente, uma vez que um de nós poderia ter sido atingido.

Com ajuda do pessoal que se encontrava na beira da praia, desviramos o barco e o rolamos sobre umas toras de coqueiro, à exemplo dos pescadores, que colocam suas jangadas protegidas da maré alta.

Para nos refazermos do susto, numa atitude de amigo, fomos convidados para tomar uma gelada, por um veranista que acompanhava o episódio, do alto da sua casa.

Embora já tenha procurado me lembrar quem foi, que tão prestativamente nos acudiu, não consegui me lembrar, o que é uma falha imperdoável.

Recentemente recorri à memória de Zé Maria, mas ele também não se lembrou.

Leonardo Sodré com a sua memória de jornalista, poderia ajudar a desvendar o mistério, mas, como viajou para outra dimensão, não podemos mais recorrer a ele, e espero que não venha me contar.

O RETORNO

Após algumas “saideiras” e já passado o estresse do episódio, resolvemos embarcar de volta para Pirangi.

Depois de testar o motor colocamos o barco na água e empreendemos a viagem de retorno.

No entanto, decorrido algum tempo e já próximo a tal ponta do terreno dos Lamartines, sentimos que o barco estava quase submerso.

Leo gritava: volta Toinho!!!! Volta que vai afundar!!!!

Zé Maria, que não é esse nadador todo, não dava uma palavra.

Ao olhar para ele, vi que tinha mudado de cor. Estava cinza.

A explicação: não tínhamos notado que, ao rolarmos o barco nas toras de coqueiro, provocamos uma avaria, criando um buraco no casco.

Fizemos a curva e conseguimos chegar novamente na praia, sendo recebidos, de novo, para mais umas geladas, e após um bom tempo, os nossos salvadores foram nos deixar em Pirangi, desta vez, de carro.

Mandei fazer uma revisão e guardei o motor de popa, abandonando o Flying Fisher na beira da praia, para que descansasse em paz.

O Flying Fisher não tinha nascido para ser motorizado e nem eu para pilota-lo.

Pode até ser, que Chico esteja velejando nele e, ao seu estilo, dando umas boas baforadas.

 

Antônio José Ferreira de Melo – Economista – antoniojfm@gmail.com

 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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