COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DA LIBERDADE, OU DA FALTA DELA – Antonio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DA LIBERDADE, OU DA FALTA DELA –

Para mim, não existe coisa mais importante que a liberdade.

Você pode até dizer: existe sim, a saúde.

Sem querer polemizar, vamos partir do princípio que, a saúde, a boa alimentação, o vestuário, a moradia, por exemplo, são requisitos para viver bem.

Porém, muita gente, tem tudo isso, e vive mal.

Porquê?

Porque, na sua maneira de viver, no seu comportamento social, lhe falta um componente: a harmonia entre os bens necessários à vida e a forma de viver, para entender as diversas nuances da vida.

Quando jovem, ao falar sobre determinada figura, que tinha um comportamento agressivo, era sisuda, procurava viver isolada, costumava dizer: é uma mal amada”.

Às vezes, acho que os comunistas são assim, uns “mal amados”.

A FUGA DO CORONAVIRUS OU POR FALTA DE UM GRITO SE PERDE UMA BOIADA

Quando do início da pandemia, Flavia Regina, minha filha, pelo fato de que eu estou no grupo de risco, embora eu me considere com pouco mais de cinquenta anos, me telefona e pergunta: homem, o que você está fazendo aqui em Natal?

Vá “simbora” para Gameleiras.

Como, por falta de um grito se perde uma boiada, melhor empurrão, eu não podia levar.

Eu pensei.

Isso é juntar a fome com a vontade de comer.

Juntei meus troços e vim embora.

Estou aqui, vez por outra, bebendo uma lapada de Cachaça Extrema, e, olhando esse bonito cenário.

Ao “ar livre”, quase que passo o dia, andando pra cima e pra baixo, resolvendo as coisas, que a distância, não me permitia ver.

Quando paro, fico pensando num monte de coisas, diante desse quadro pelo qual passa o nosso Brasil.

Nesses pensamentos, me lembro de Expedito.

Outro dia escrevi um artigo falando nele, uma figura de pouco saber escolar, mas de muita sabedoria e discernimento, sobre as coisas da vida.

Enquanto estou envolvido nesses pensamentos, toca o celular.

Diga que é?

Ele. Expedito.

EXPEDITO E OS COMUNISTAS

Senti logo que ele estava nervoso.

Ele fala: Dotô Antonio, o que o senhor acha dessa ruma de comunista que está querendo derrubar o nosso Presidente?

Sem me deixar responder, vai logo dizendo: são uns caras revoltados, e pensam que a vida é assim, como eles querem.

Eles pensam que só eles tem razão e nós não. Pensam que a gente não pensa. Eles são “é uns cabeça de vento”.

Passaram uma porrada de tempo no poder, roubaram mais do que cachorro ladrão, ficaram “tudo” rico”, mandaram nosso dinheiro para os comunistas de outros países, e agora querem prejudicar um governo honesto.

Quando estavam no poder, deitaram e rolaram, e agora querem ”atrapalhar” Bolsonaro, como se fossem uns feitores, com um chicote na mão.

O nosso Presidente tem sofrido mais do que “couro de pisar fumo”, mas não se abala. Fala o que lhe “vem na telha”, e, “num tá nem aí”.

Porque?

Porque “é mais forte que o fumo de Abdias”.

Mas eles, que são uns parasitas, igual a “enxerto de passarinho”, que não trabalham, que são um bocado de “cabra safado”, querem que o Brasil fique parado, e quebre, pois sabem que “saco seco não se põe em pé”.

Sabe o que eles são?

Um bando de imbecis.

Dotô, eles são como burro “cum manha”. Pensam em conseguir as coisas, dando coice, mas Bolsonaro, apesar de bruto, é “manso”,

Vai pegar tudinho “na virada”.

Eu ia dizer: é Expedito você tem razão, mas preferi ver até onde ia o desabafo dele.

EXPEDITO E O SECRETÁRIO DE SAÚDE DO RN

Continuando, vai logo dizendo: “Dotô, tá cum tempo”?

Porque eu “tô puto”.

E vai em frente.

Dotô, o senhor viu um imbecil na televisão daqui do estado, dizer que era pra trancar todo mundo e, ainda mais, mandar pra dentro de casa, na base do toque de corneta?

Será que o povo é igual a um bando de bode doente que vai pro chiqueiro pra morrer lá dentro?

É assim que se resolve esse negócio do “viro chinês”.

Eu queria ver esse cara, lá na China.

Ele ia ver como a liberdade faz falta.

Dotô, eu não sei se o senhor já prestou atenção para o jeito desse povo.

As mulheres, parecem que tem uma “bassoura” em baixo dos sovacos, os cabelos desgrenhados, parece até umas buchas de coco, e umas roupas diferentes das outras mulheres, que são bonitas.

E tem mais, eles todos, parecem que não tomam banho. Devem feder até na fotografia.

Sim, esse cara que queria trancar o povo, e queria até que o exército desse o “toque de recolher”, é barbado, mal vestido, e tem um cabelo esquisito.

Eu mesmo, achei ele parecido com o lobo mal, das histórias de chapeuzinho vermelho, que eu vi num livro, quando eu ia no grupo escolar.

O povo aqui do sítio, achou também ele parecido com esses cachorros que o povo rico cria dentro dos apartamentos e que levam para passear nas calçadas, pra eles mijarem e cagarem.

Dotô, esse cara cagou mesmo foi, na televisão.

Diz Expedito no máximo da irritação: querer trancar o povo? Tem graça. Vá pro raio que o parta, comunista safado.

Eu falei. Expedito, ele é um médico, ele é o Secretário de Saúde do Estado.

Ele falou. E sei, eu não vi?

Mas é difícil de acreditar.

Pelo jeito, ele parece com Manezinho, um doidinho, filho de Mané Oião, que morava no Sítio da Macambira.

Eu não assisti a entrevista, mas ri quando vi as imagem, nas redes sociais, cheguei a conclusão.

Expedito tinha mesmo razão.

A IRA DE EXPEDITO COM OS GOVERNADORES

Ontem, ele me telefonou, de novo.

Agora, possuindo um celular, que o filho dele, que mora em São Paulo, lhe mandou, só vive fazendo contato, e, no meu caso, fico muito satisfeito.

Gosto de Expedito.

Ele fala diferente daquelas pessoas que fingem uma coisa e são outra.

Homem bom e honesto, tem a característica da sinceridade, hoje, um pouco difícil de encontrar.

Ele estava lá no Seridó, embaixo de chuva, “mais satisfeito do que pinto em bosta”, segundo ele.

Porém, apesar da alegria pela chuva, estava revoltado com uns governadores lá do sul, que, segundo ele, queriam matar o povo.

Eu falei: o que é isso Expedito?

Isso só existe nos países comunistas, onde o povo não tem direitos, nem sobre a própria vida.

Ele falou, já quase gritando.

É verdade, Dotô.

Eu vi na televisão, que um governador, aqui pra nós, com um jeitinho meio esquisito, não quer aplicar um remédio que “num” deixa o doente morrer, só porque o Presidente Bolsonaro diz que é a solução para o problema do “viro Chinês”.

Esses “cumunistas”, são “rim” mesmo.

Dotô. Pra me lembrar do nome da CLOROQUINA, fiz uma “comparecença” com o nome do pai de seu Guga.

Como vai ele?

Ele quem, Expedito?

Dotô, só pode ser Seu Guga, pois Seu Cloro, o pai dele, já morreu, faz tempo.

Dotô Antonio, sempre me lembro dele, quando passava na calçada lá da Rua Mossoró, para ir pra farmácia.

Veja bem, se não era assim.

De chapéu tipo Panamá, que o senhor me disse uma vez, que ele comprou desse país, com uma gravatinha que parecia uma borboleta, e vestido com paletó e calça, bem organizada, que a empregada devia colocar goma de tapioca, pra ficar bem durinha.

Eu, que só conhecia o tecido de mescla, não conhecia isso.

Ele usava linho estrangeiro.

Expedito tem boa memória. Eu nem me lembrava mais desses detalhes.

Expedito volta à carga.

Sim, e tem mais.

Pelo caminhar do “andô do santo”, nos estados desses governadores de bosta, o comunismo já existe.

Num tá sabendo?

As pessoas estão sendo controladas pelo celular.

Dotô, eu sei das coisas.

Eu assisto a televisão, menos a Globo e a Bandeirantes, que fazem parte dos comunistas.

Pois é.

As empresas de telefone celular, agora são obrigadas a dizer por onde andou o dono do número.

Se fosse eu, amarrava o celular no pescoço de um jumento e ia morrer de rir, quando aquele governadorzinho, de um jeitinho meio esquisito, fosse procurar por onde eu andei.

Olhe Dotô, eu “num” sei não, mas quero lhe dizer o seguinte: vou logo procurar um pessoal que eu soube que vende arma e munição, e vou comprar um material para me defender, antes que resolvam adotar essa mesma coisa, por aqui.

UMA HISTÓRIA

Na mais nova ligação de celular, diz Expedito. “Arrepare”, Dotô, o cunhado de um amigo meu, e até a irmã dele, “num” é que inventaram de também ser comunista?

Agora, veja como são as coisas, só querem beber uísque estrangeiro, e, só se vendo a casa deles…

E tem mais, só comem do bom e do melhor.

Ou seja “pro otros” é “peia”, pra eles, é “fidalguia”.

Pensando em diminuir a ira de Expedito, resolvi abrandar o assunto, e contar uma história que se passou comigo.

Eu disse.

Expedito, veja bem, as pessoas tem o direito de se comportar diferente do que a gente pensa.

Quando eu estava na faculdade, fui convencido a participar do movimento comunista.

Pelo silencio, imaginei como estavam arregalados os olhos de Expedito, escutando essa história.

Continuando, falei que estive relacionado para ir ao congresso de Ibiuna, em São Paulo, para onde alguns companheiros foram e terminaram presos.

Disse, para ele, que ainda me lembro da capa da Revista Veja, com a foto dos meus companheiros, presos e carregados em cima de uma camioneta.

Aí, na oportunidade, me perguntei: já pensou se eu tivesse ido, tava ali, também.

Escapei “fedendo”, pois um problema na família, me impediu de ir.

Porém, Expedito, só fiz parte desse negócio, até o dia em que entendi que a intenção não era o bem estar do povo, e sim a luta pelo poder.

Terminada a história, parecia estar vendo a figura de Expedito, respirando aliviado, pelo final feliz.

CONCLUSÃO DE EXPEDITO

Veja, que o sentimento de liberdade, está presente, em cada expressão de Expedito, na sua simplicidade e na sua forma de encarar a vida.

Dotô, aqui no sítio, “num” chega esse tal de “viro comunista chinês”, pois, aqui, nós tem liberdade.

Além do mais, o Seridó é lugar de gente corajosa.

Em 35, na chamada revolta comunista, os “homi de vermelho, saíram aí de Natal pra vir pra cá pra nossa região. O Dotô Dinarte Mariz, juntou um bando de gente, tudo armado, mataram um bocado dos bandidos que vieram daí, e botô os cabra pra correr de volta.

Isso, foi lá em Campo Redondo, perto de Santa Cruz.

Diz Expedito, que ainda hoje, tem nego correndo com medo.

“Tá cum a mulestra”.

Aqui, com o meus botões, pensei: dizem as más línguas, que Dinarte nunca esteve lá.

Porém, isso não e assunto para agora.

Continua Expedito, determinado.

Aqui no Seridó, esse “viro cumunista”, não chega.

Aqui “nós é liberto”.

Hoje, com a minha experiência de vida, fazendo um retrospecto, posso avaliar a importância da liberdade e as angústias pela falta dela.

Desde criança, ficava revoltado, quando me via com restrições, em face de castigos, para pagar por alguma falta.

Na minha vida, até nos relacionamentos, sempre tive problemas, com aquelas que me faziam restrições de liberdade, motivo do final de muitos namoros.

Não nasci para ter uma argola na venta, feito boi manso.

Expedito tem razão.

SER “LIVRE, LEVE E SOLTO” É O QUE MAIS IMPORTA NA VIDA.

 

 

Antônio José Ferreira de Melo – Economista,  antoniojfm@gmail.com

 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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