COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: A MENTE DESOCUPADA É TENDA DO SATANÁS, O AZAR DE SEU PROCÓPIO, A PERUA DE VIVI DE ZÉ ROCHA – Antonio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: A MENTE DESOCUPADA É TENDA DO SATANÁS, O AZAR DE SEU PROCÓPIO, A PERUA DE VIVI DE ZÉ ROCHA –

 

COISAS ANTIGAS E DA ANTIGUIDADE

Um poeta inglês, lá pelos idos de 1700 – 1800, disse que a falta de ocupação não é repouso, pois uma mente vazia vive angustiada.

Eu, pessoalmente, gosto muito de poder, em alguns momentos, não ter obrigações a fazer e, portanto, ter a mente desocupada para poder sonhar, imaginar ou lembrar de coisas, tipo essas que escrevo por aqui.

Além do mais, sonhar não paga imposto.

A Bíblia ao tratar do tema da mente desocupada, fala do pecado do Rei Davi e Bate-Seba.

Veja bem, enquanto os seus guerreiros estavam no campo de batalha, o Rei Davi permitiu-se ficar ocioso no palácio.

Então, meu amigo, não deu outra. Sem ter o que fazer, perambulando pelos corredores, mesmo sem um bom binóculo, vê Bate-Seba, a mulher de Urias, tomando banho e não resistiu.

Conversa vai, conversa vem, conseguiu levar a mulher à traição e ao adultério.

O pobre do Urias, que ao invés de estar com a mente desocupada, estava guerreando, passa a ostentar, na cabeça, uns ornamentos que não desejava.

E não ficou somente nisso, Davi, com medo das consequências, ainda arquitetou e conseguiu a morte de Urias no campo de batalha.

Pronto. Taí.

Se Davi estivesse no campo de batalha, nada disso teria acontecido, pois a sua mente estaria ocupada, porem sujeito à morte.

Se Urias estivesse em casa, com a mente desocupada, tomaria banho e faria amor todo dia com Bate-Seba, ao invés de ter levado chifre e morrido com uma flechada, no campo de batalha.

E AÍ?

O QUE É MELHOR?

COISAS DOS TEMPOS ATUAIS

O “AZAR” DE SEU PROCÓPIO

Desde menino que nós da Rua Mossoró, OUVÍAMOS, como verdadeira, a história do “AZAR” de Seu Procópio.

De lá para cá, já OUVI muitos contarem essa mesma estória, até com eles próprios como atores.

Como a gente dizia naquela época: “fiquei calado para não perder o freguês”.

Mas vamos a história.

Dia de domingo, a esposa de Seu Procópio, sai para a missa.

Ele, sem ter o que fazer e estando com a mente desocupada, se lembra da empregadinha nova, aproveita a ausência da mulher, e, tomando coragem, vai até os aposentos da funcionária, conseguindo o seu intento.

Porém, D. Lurdes, por ter esquecido o missal, volta para apanhar. Procura Seu Procópio pela casa e se depara com a cena no quarto de Severa, a empregada.

Tomado de surpresa e ao receber a pergunta: PROCÓPIO, O QUE É ISSO?

Ele responde: AZAR. SÓ PODE SER AZAR.

Dessa história se depreende que, quanto a mente desocupada, parece com a história de Davi, mas sem as consequências funestas. Pelo menos, pelo que se sabia ou se contava.

Entretanto, esse caso possui um porém e aproveito a oportunidade para revelar.

Considerando que seria muito sério escrever como verdadeira essa coisa que eu, muitas vezes, OUVI, na brincadeira, achei por bem perguntar a Claudio Procópio se ele me permitia divulgar.

Qual foi a minha surpresa ao receber dele a informação de que não haveria nenhuma censura de sua parte, por usar a imagem de Seu Procópio, mas queria deixar claro que essa estória não era verdadeira.

Já pensou, um “fake” que já passa de meio século?

Apesar de contribuir para esclarecer, de certa forma fiquei triste.

Desmoronou um ídolo que eu tinha desde menino.

A PERUA DE VIVI DE ZÉ ROCHA

Vivi, a mulher de José Vasconcelos da Rocha, o nosso amigo Zé Rocha, mandou vir da fazenda para Pirangi, duas peruas para, depois que estivessem gordas, promover um almoço.

Como era muito comum naquela época, fazia-se a engorda, forçando a ave para que engolisse, “na marra”, os bolões de farinha com restos de comida e eu, como vizinho, acompanhava à pequena distância esse ritual engordativo.

Certo final de tarde, não tendo o que fazer e estando com a mente desocupada, bebendo uma cervejinha no terraço da minha casa, escutei a “cantiga das peruas” e fui despertando a imaginação para o fato de que ali estava a possibilidade de uma boa presepada.

O brasileiro, mais cruamente, proverbializa essa história de mente vazia. Diz que “a mente desocupada é tenda do satanás”, ou que “a mente vazia é oficina do diabo”, e é verdade.

Dei asas à imaginação e, como Deus ajuda os bem intencionados, o Casal Rocha, nessa quinta-feira resolveu dormir em Natal, deixando o campo livre para o sequestro da perua.

Foi só o que deu.

A empregada, livre dos patrões, saiu com o namorado. Acho que para ir à igreja.

Acompanhei o casal até perder de vista, entrei na área de serviço da casa de Zé Rocha e escolhi, pela aparência, a melhor das duas peruas.

Como a sequestrada, ao se sentir ameaçada, começou a “cantar”, fui obrigado a matá-la naquela mesma noite, para que o cativeiro não fosse descoberto.

Liguei para Zé, perguntando se eles voltariam para Pirangi na sexta feira. Como ele confirmou, eu disse que ia fazer uma surpresa para a minha mulher e queria que eles jantassem conosco.

Ele perguntou se levava alguma coisa, e eu lhe disse que não era necessário, a não ser que quisesse beber um vinho de sua preferência, para acompanhar um grande “capão” assado que eu tinha trazido da fazenda.

Para quem não sabe, pois já saiu de moda, o “capão” é um frango “capado”, que, por não ter determinados “interesses”, o negócio dele é só comer e dormir. Cresce, engorda e não é afeito a exercícios físicos, como esses que tomam esteroides androgênicos anabólicos e vão para a academia.

Mandei preparar a perua e assar na padaria, o que, diga-se de passagem, foi uma boa ideia, pois ficou de excelente qualidade e o cheiro podia ser sentido na vizinhança.

Obviamente, que chegando de Natal já escurecendo, Viví nem foi verificar as peruas e muito menos a empregada foi lhe confessar que ocorreu um furto, porque deixou a casa sem vigilância.

Depois que saboreamos o “capão” com o vinho de Zé Rocha, bateu nele uma desconfiança.

Ele falou: Vivi, você foi olhar as peruas? Só estou escutando o canto de uma e essa carne está muito parecida com peru.

Não deu para aguentar. Caímos na risada e eu fui abrir a próxima garrafa de vinho, que já estava na minha programação.

Ainda hoje Zé Rocha fala no roubo da perua de Vivi e eu concluo que é melhor a mente desocupada do que preocupada.

Como diria Firmino Moura: NEGO, ESSE POETA INGLÊS NÃO ENTENDE DISSO NÃO!

 

 

Antônio José Ferreira de MeloEconomista – antoniojfm@gmail.com

 

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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