COISAS DO PASSADO –

Lendo o último artigo escrito pelo engenheiro José Narcélio Marques de Souza, em que ele relata a passagem de algumas figuras folclóricas de Natal, levou-me ao passado, ao meu tempo de menino e rapaz.

Como metade da população de Natal sabe, e a outra também, passei a minha infância entre os bairros de Tirol e de Petrópolis. Nasci na Rua Seridó onde vivi os primeiros anos da minha infância. Uma casa simples, mas acolhedora. Lá vivemos eu, e mais cinco irmãos. A última irmã já nasceu na Rua Moçoró, onde papai construiu uma casa maior, em um amplo terreno.

A casa da Rua Seridó era muito simples e acolhedora. No nosso quarto tinha pintado no roda teto figuras de Walter Disney, A noite mamãe contava estórias daquelas personagens, e quando acordávamos de madrugada, comentávamos sobre as estórias contadas por mamãe. Tinha como parceiros, os irmãos José Maria e Liége. Até os oito anos aproximadamente éramos muito unidos. Tínhamos uma pequena charrete puxada por um grande carneiro que recebeu o nome de Belém, depois o carneiro morreu, e José Maria assumiu o comando da charrete no lugar do carneiro. Isso   para percurso pequeno, dentro do próprio quintal.

Comecei a fazer contato com o mundo exterior indo passear na Praça Pedro Velho, tinha um parque infantil e íamos com a nossa Babá, brincar, tirar retratos (tinha alguns fotógrafos), brincar de tica e esconde esconde nas casinhas e animais feitas nos pés de fícus. Maiorzinho ia já com alguns amigos colocar pequenos botes nos grandes tanques de água. Aí entra a história do zelador da Praça conhecido por Pachêco, que não gostava da brincadeira e saía correndo atrás da meninada. Se pegasse quebrava o barquinho e voltávamos para casa chorando.

A Escola Normal ficava em frente à Praça e já com meus doze, catorze anos, andando de bicicleta íamos mexer com o vigia da Escola que ficava louco quando chamávamos pelo apelido que era “caranguejo com batata.” Ele pegava um porrete de madeira e saia correndo atrás da meninada que ia pedalando com velocidade as nossas bicicletas.

Na Rua Moçoró já um pouco maior (não rimando) as brincadeiras com essas figuras continuaram. Os soldados da Marinha e do Exército, eram chamados de tapiocas e periquitos devido a cor das fardas, não gostavam dos apelidos e saiam correndo para dar cascudo (se pegasse) na meninada. Existia na polícia um corneteiro da banda que ficava furiosa quando o chamavam de Maribondo. Aí a meninada quando estava perto dele gritava – Caboclo e ele olhava com um olhar não muito amigo e quando distanciava a gente gritava – Maribondo, aí “pernas pra que te quero.”

Foi assim a minha infância/juventude, cheia de brincadeiras, de estripulias, mas com muita responsabilidade pois levava muito a sério meus estudos, praticávamos esporte com muita dedicação e respeito aos pais e aos mais velhos.

 

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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