A descoberta, publicada na revista Nature, ajuda a recontar um capítulo crucial da evolução humana e reforça que o caminho até o homo sapiens sapiens foi muito menos linear do que se imaginava.
O estudo finalmente resolve um mistério que intrigava cientistas desde 2009: a quem pertencia um pé fossilizado achado em 29 fragmentos na região de Woranso-Mille.
Agora, com a ajuda de novos achados, os pesquisadores conseguiram associar o fóssil à espécie Australopithecus deyiremeda, diferente da famosa Lucy (Australopithecus afarensis).
Lucy, descoberta em 1974, ficou conhecida por ser totalmente bípede. Por isso, quando o chamado Pé de Burtele foi encontrado em 2009, algo chamou atenção.
Ele tinha um dedão opositor, como o polegar das mãos, útil para escalar árvores; mas o restante do pé indicava locomoção bípede em terra firme.
Era um mosaico incomum: parte trepador, parte caminhante terrestre.
O problema é que, sem uma mandíbula ou dentes associados ao pé, os cientistas não podiam confirmar de qual espécie ele vinha. A prudência é regra na paleoantropologia.
Ao longo da última década, novas escavações trouxeram o que faltava: dentes e a mandíbula de um indivíduo jovem, compatíveis com a anatomia do pé. A partir deles, foi possível confirmar que o dono do fóssil era mesmo o A. deyiremeda.
Essa é a parte mais importante da descoberta: é o único sítio arqueológico conhecido onde duas espécies de hominídeos relacionadas aparecem claramente convivendo no mesmo período, na mesma paisagem.
Isso muda o entendimento sobre a Etiópia daquela época. O que se pensava ser um território dominado exclusivamente pelo A. afarensis — a linhagem de Lucy — agora revela um cenário mais diverso, com espécies vizinhas vivendo lado a lado.
E elas ocupavam nichos diferentes.
A análise do pé mostra que o A. deyiremeda tinha:
Enquanto isso, Lucy tinha pés totalmente adaptados ao bipedalismo terrestre, com dedão alinhado aos outros.
Isso indica que o bipedalismo não surgiu de um jeito único. Havia “experimentos evolutivos” acontecendo simultaneamente, até que uma forma mais eficiente prevaleceu.
Além dos pés, a equipe analisou isótopos de carbono em oito dos 25 dentes atribuídos ao A. deyiremeda. A técnica permite identificar que tipos de plantas eram consumidos.
Os dados revelaram:
Ou seja: as duas espécies não competiam diretamente pelos mesmos recursos, o que ajuda a explicar como conseguiram coexistir.
Entre os novos fósseis está também a mandíbula de um indivíduo jovem, com dentes de leite e permanentes em formação. A tomografia revelou padrões de crescimento semelhantes aos de outros australopitecos, mostrando que, apesar das diferenças de locomoção e dieta, o desenvolvimento infantil dessas espécies seguia um padrão parecido.
Os pesquisadores destacam que entender o comportamento, a dieta e o ambiente desses ancestrais ajuda a compreender como mudanças climáticas antigas moldaram a evolução — e como transformações ambientais atuais podem afetar a vida humana no futuro.
“Se não entendermos o nosso passado, não conseguimos compreender plenamente o presente”, afirma Yohannes Haile-Selassie, coordenador da pesquisa.
Fonte: G1
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