Ana Luiza Rabelo

Hoje vivemos no mundo do “bolo confeitado”, não importa o conteúdo, o sabor do que tem dentro, mas o que realmente interessa é a aparência. Ninguém quer ser batalhador, honesto, leal, mas todos querem um acessório cuja propaganda da “marca” seja capaz de descaracterizar os defeitos de quem os usa. Ninguém ousa pensar por si, antes que seu ídolo ou sua turma dê sinais claros, explícitos mesmo, de que vai aceitar aquela linha de pensamento.

A celeridade dos meios de comunicação, a mesma que transforma anônimos em estrelas, expõe desconhecidos ao ridículo mundial, sabendo que o próximo bobo aparece em quinze minutos, mas que o bobo anterior fica marcado por toda vida.

O mundo está cheio de promessas não cumpridas e esperanças aguardadas, mas enquanto não dermos início à mudança interior, que há de nos mostrar que somos iguais, animais vestidos e com hábitos bizarros, nunca seremos capazes de nos colocar no lugar do outro de fato, de compartilhar sentimentos e emoções, de aprender e de ensinar.

Insisto em repetir que, se conselhos fossem tão bons ou fáceis como parecem ao serem despejados boca afora, todos teríamos uma banquinha na porta de casa. Porém, se existem experiências que só serão aprendidas com o erro, como a mosca batendo a cabeça na janela de vidro, algumas palavras, algumas sugestões e algum tempo dedicado ao próximo podem ser fator de mudança na vida de muitos.

Ser sábio não significa ser velho ou ser teimoso, ser sábio significa ter consciência do momento exato de tentar ajudar o outro, antes que ele lhe peça, sem cobrar, sem ser intruso. É colaborar e auxiliar na construção.

Assim, o hábito não faz o monge, o uniforme não faz o aluno, a idade não faz o sábio, e, sim, a experiência, o modo de ver e solucionar os obstáculos da vida.

Há uma antiga história que diz que numa cidade havia dois homens, um muito rico e outro muito pobre. No aniversário da filha rica, que por sinal era muito pessimista e reclamona, o pai lhe deu um carro e ela reclamou por dias: “quero um carro melhor, deveria ter outra cor, poderia ser de outra marca”… e o pai ficou infeliz, pois não fez sua filha feliz. No aniversário da filha pobre, sempre alegre, vendo o lado bom em cada situação difícil da vida, o pai, que trabalhava num curral, não havia levado nada para casa além de um saco de estrume para a horta, foi então que viu a filha e lembrou-se que era seu dia. Para não deixá-la de mãos abanando, entregou-lhe o saco. Naquele momento ela quis encher os olhos de lágrimas por um segundo, então parou, beijou seu pai e saiu pulando pela casa: – Ganhei um jardim, ganhei um jardim! O pai, todo bobo, abriu um grande sorriso de felicidade.

Portanto, não importa a cara que o bolo tem, mas o sabor que você extrai dele. Pense nisso.

Ana Luiza RabeloEscritora, advogada – (rabelospencer@ymail.com)

Ponto de Vista

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