AUTODETERMIAÇÃO: LIBERDADE E RESPONSABILIDADE –
O processo civilizatório da raça humana nasceu sobre três pilares, a saber: quando o ser humano deixou de ser nômade (grupos diferentes em épocas diferentes) e se fixou a um dado lugar, em consequência da descoberta dos benefícios da agricultura; a imposição do poder dos líderes mais fortes, e o temor aos deuses. Este último fato é o nosso tema. Têm-se que as primeiras crenças religiosas surgiram como resultado do medo em relação às forças da natureza: os raios, os trovões, os vulcões, terremotos, as secas, as enchentes, por exemplo. Os humanos primitivos acreditavam que esses fenômenos eram uma manifestação espiritual, crença essa que a ciência moderna classifica como animismo, tal qual as outras que atribuem alma a animais, a plantas e a objetos inanimados, fazendo uma simbiose entre o mundo espiritual e material.
Ao serem formadas as primeiras cidades, as religiões tomaram outra feição, embora que mantendo características animistas. Tomando a Mesopotâmia como exemplo, já que lá surgiram uma das primeiras civilizações, por volta do VI milênio a.C. Na Mesopotâmia a religião era revestida de várias crenças, aceitando deuses com elementos humanos e da natureza. Havia os deuses do sol e da justiça, dos céus, da lua, da guerra, do amor, do bom e do mau. Outra faceta era aceitar que a vida das pessoas era obra do destino, regido pela posição dos astros no céu. Somente os sacerdotes monopolizavam essa leitura e faziam as previsões do futuro.
Nas cidades da Grécia Antiga a religião também era politeísta, embora seus deuses tivessem formas, virtudes e defeitos humanos, diferenciados pelo fato deles serem imortais. Acreditavam que eram os deuses que ditavam os rumos da vida humana e da natureza. Mas não havia dogmas, textos sagrados nem sacerdotes que monopolizassem a interpretação espiritual. O ditame eram os rituais, os sacrifícios.
Já na Roma Antiga, a religião era representada por cultos e influências diversos. Uma mistura de crenças etruscas, gregas e orientais que foram incorporadas e adaptadas aos costumes, resultando numa crença politeístas. Os deuses romanos eram representados com a forma humana e possuíam características como qualidades e defeitos de seres humanos. Algumas ramificações religiosas aceitavam a sorte e o destino.
O salto diferencial foi dado pelos hebreus. A importância da civilização hebraica para a humanidade, e principalmente para a formação do pensamento ocidental, está na ruptura que fez com a tradicional compreensão de que as grandes civilizações de então, a chinesa, hindu, mesopotâmica e egípcia, tinham do mundo. Recapitulando: esses povos atribuíam uma alma divina a objetos inanimados, seres vivos e a fenômenos naturais, que teriam poderes para interferir na vida e no destino dos homens. Para os israelitas, a natureza, em sua dimensão total, é uma criação de Javé. O sol, a lua e as estrelas; os animais e o próprio ser humano; os rios, as montanhas e tudo o mais são objeto da Sua criação. A vida é Sua vontade. Não há deuses nos objetos celestes, nem os astros e estrelas são deuses. Os fenômenos da natureza não são arrotos dos deuses, apenas refletem a livre movimentação da criação Divina.
Outra herança que recebemos dos hebreus foi a sua percepção da autonomia do ser humano, originada no fato de que homem e mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus. Assim, eles podem fazer a própria determinação do seu comportamento e vida, podem agir conforme seu desejo. Javé não interfere na ação de Sua criação, apenas verifica e julga se seus preceitos morais (as leis preceituadas nos Livros Sagrados) foram cumpridos pelos homens e pelas mulheres. Esse entendimento de autonomia humana, de autodeterminação, resulta de conceitos duais sobre a natureza dos filhos de Deus: cada indivíduo tem inteira liberdade de ação, entretanto é responsável pelo que faz ou deixa de fazer.
Tribuna do Norte. Natal, 02 ago. 2019
Tomislav R. Femenick – Mestre em economia com extensão em sociologia. Do Instituto Histórico e Geográfico do RN
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