ARTIGO: Homenagem póstuma à Epitácio Nunes

Elias Nunes e Ely Nunes

Hoje faz um ano que o nosso pai foi morar na cidade celestial com Deus, de onde ele veio. Nasceu no dia 07 de janeiro de 1920 em Monte Alegre-RN, o seu nome foi uma homenagem ao Presidente da República da época Epitácio Pessoa. Viveu em sua cidade até os 15 anos, tendo ali concluído o ensino primário. Veio com seus pais Abdon e Josefa, e seus oito irmãos José, Miguel, Kerginaldo, João, Julia, Iraci, Ivone e Anailde morar em Natal. Aos 18 anos prestou o serviço militar obrigatório no Exército Brasileiro. Aos 19 anos trabalhou como cobrador de bonde da Companhia Força e Luz onde conheceu a sua namorada Euzamar no ano de 1939. Homem simples dado ao trabalho e o bem-estar dos seus pais e irmãos, foi comerciário no ramo de farmácia e anos mais tarde proprietário da Drogaria Nunes na Rua Ulisses Caldas até o ano de 1962, sempre preocupado em servir bem as pessoas e atento aos amigos.

Logo em seguida iniciou sua carreira como servidor público federal no hoje INSS, sempre solícito, educado, atencioso, interessava-se pelas causas daquelas pessoas contribuintes que precisavam de orientação para auxilio doença, pensão, aposentadoria, contribuição previdenciária, enfim uma ajuda, fazia o que gostava, que era ajudar as pessoas. Foi um homem de muitos amigos, respeitado e respeitador, educado e risonho no trato com as pessoas. Era um autodidata, não cursou o ensino médio, mas o desejo de conhecimento, adquiria livros de direito e estudava sozinho. Foi quando influenciado pelo amigo advogado Enélio Lima Petrovick, fez um concurso junto a OAB/RN e tornou-se Advogado Provisionado para trabalhar em municípios do Rio Grande do Norte.

No período de 1977 a 1982 foi Vereador em Natal, cuja candidatura foi lançada pelo amigo advogado Jeremias Soares de Oliveira. Com uma visão ampla trabalhava pelas necessidades das populações dos bairros, e pelos problemas locais que lhes apresentavam, pois ele não tinha bairros como o seu reduto eleitoral, como ele mesmo dizia aos seus pares: “eu seu vereador de toda Natal, eu não sou dono de nenhum bairro”. Desprovido de vaidade pessoal, simplificava junto aos pares na Câmara Municipal, projetos que beneficiavam os bairros, suavizando a ansiedade daquela população.

Homenageou algumas personalidades, propondo nomes de ruas, tendo sido atendido em todos os pleitos. Interessava-se pelos pedidos concernentes a saúde, educação, limpeza urbana os pedidos de conselhos comunitários, associações culturais, agremiações esportivas, instituições religiosas diversas, com quem ele mantinha amizade respeitosa com os seus representantes, tratava a todos como iguais, pois dizia ele “eu fui eleito para servir à população da minha cidade”. Preocupado com o meio ambiente, foi autor do primeiro projeto na Câmara Municipal da construção da Usina de Reciclagem e Compostagem de Lixo de Natal, localizada no bairro da Cidade Nova, e administrada pela URBANA.

Foi presidente da Liga Artístico-Operária Norte-Riograndense, tendo deixado a marca de um administrador que se preocupava com o bem-estar instituição e da classe da qual ele era presidente. Quando perguntado como ele estava, respondia de pronto: “vivendo e achando bom”.

Casou-se com Euzamar em 30 de dezembro de 1941, tendo como filhos Ely Nunes e Elias Nunes. Anos mais tarde juntou-se a família Lia e Anchieta, afilhados carinhosos, dedicados com amor, amigos fiéis e cuidadores por excelência até o último minuto de vida de ambos. Os seus dois filhos deram-lhe netas e netos: Euzely, Euzelylma, Euzelyld, Elyvaldo, Ewerton, Emerson e Ederson, além de doze bisnetos e bisnetas. Casado com a nossa mãe Euzamar por 73 anos ele a amou até o último dia de vida, quando ela se mudou e foi morar no céu aos 90 anos, junto há outros irmãos em Jesus Cristo no dia 13 de dezembro de 2014.

Dele, temos a última e linda lembrança, deixada para sua descendência. A nossa mãe doente na cama, ele chegava junto dela e dizia todos os dias a ela: “você continua linda como eu a conheci, quando você tinha catorze anos” ai, ele a acariciava e beijava. Eles viveram a simplicidade da vida, mas muito felizes, deixando exemplo para sua descendência. Nosso pai riu muito, era feliz com a vida. Fez o bem e o que era bom, ajudou de várias formas e indistintamente a muitas pessoas. Amava a todos, era amigo, atencioso, calmo, tranquilo, paciente, manso, correto, alegre e risonho. Nosso pai morreu de saudade e amor de sua esposa amada, consciente e farto dos dias de vida.

Mas o seu coração alegre já estava fraco, devido aos anos, o amor e a saudade de sua Euzamar ou minha velha, como ele carinhosamente a chamava. Depois de 127 dias de separação no dia 19 de abril de 2015 seu coração parou de bater aos 95 anos, e ele partiu para morar no céu junto ao amor de sua vida e a Jesus Cristo, a quem ele tanto amava e pregava o Seu Evangelho como o seu Senhor e Salvador, cumprindo-se na sua vida o texto bíblico que ele muito gostava: “combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” Bíblia Sagrada, II Timóteo 4:7. Para os seus filhos, noras, netos(as), bisnetos(as), irmãos(es), sobrinhos(as), tios(as), primos(as), cunhados(as) em uma despedida após uma conversa ele dizia um texto bíblico: “o Senhor te abençoe e te guarde, o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti, o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz” Bíblia Sagrada, Números 7:24-26.

Caberia aqui como homenagem póstuma dizer que ele brincou, sorriu, cheirou, beijou, abraçou, acariciou, chorou, amou, perdoo, ajudou, alegrou, trabalhou, aposentou, cansou, esperou e dormiu para a vida eterna com Deus. Na Bíblia Sagrada no livro de Jó 1:1 diz: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó. Este era homem, integro, justo e temente a Deus, que desviava-se do mal”. Homenageando o nosso pai e parafraseando o texto dizemos: “Havia um homem na cidade de Natal, cujo nome era Epitácio Nunes. Era um homem, integro, justo e temente a Deus, que desviava-se do mal”. Este era o nosso pai, é dele que nós estamos falando, muito grato por tudo pai, meu pai, nosso pai. Daqui a um tempo estaremos juntos. Saudades.

Elias Nunes e Ely Nunes – Filhos