ARTIGO: Flávio Rezende

Solidão Sazonal –

Tirei parte das férias neste julho, mês que adoro por albergar os cancerianos, turma de nativos da qual faço parte com muita honra. Com a grana controlada optei por dar um rolezinho sozinho. O tour em bando familiar hoje em dia exige a guarda antecipada de mais recursos, pois com filhos e esposa não podemos ficar com atitudes de economia uma vez que nesta situação o bom é a democratização dos sorrisos e a diversão mais  animada.

Nesta solidão sazonal o Rio de Janeiro foi a pedida escolhida. A Cidade Maravilhosa vivencia momentos pré-olímpicos e sobre as primeiras impressões divido com você minhas observações. As obras ainda estão ocorrendo. Um olhar atento em algumas incorpora a nosso HD as inovações tecnológicas neste mundo das estruturas temporárias.

Aqui em Copacabana surgem imensas arenas, altíssimas, lojas, espaços, com muitos canos, ferros, pisos de plástico, tudo muito funcional e bem feito,  como aqueles legos legais, mostrando o quanto evoluímos neste mister de montar e desmontar coisas faraônicas. Este é o lado bom. O ruim é que o acesso até a praia fica difícil e só ocorre nas brechas entre essas mega estruturas.

A Força Nacional é vista guardando esses locais e circulando no calçadão. Até agora não me senti inseguro. Uso celular, caminho e não vi nada anormal. Ao passar pela linha amarela não aconteceu nada negativo.

Estar só favorece a reflexão. Ontem fiquei pensando sobre essas coisas que escrevo. Tenho essa mania desde os 15 anos e semana que vem chego aos 55. São 40 anos de livros, poesias, artigos, reportagens, textos, reflexões e opiniões. Ai fiquei pensando se essas coisas que penso interessam a alguém, se tem alguma relevância. Com tantos icônicos filósofos, escritores, jornalistas, pensadores eu me sinto ridículo em estar publicando minhas interioridades.

Certa vez recebi crítica de um amigo escritor que disse ser muito fraco o que escrevo. Depois ele se desculpou e hoje compartilha alguns posts meus. Respondi à época dizendo que algumas pessoas medianas – como eu, não conseguiam compreender certos níveis elevados de escrita, como as dele, por exemplo. E que por isso, precisamos de escritores medíocres, medianos e geniais, para atender todos os públicos.

Estando só também estou tendo mais condições de ler e a escolha foi por Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Praphupada, responsável pela vinda da mensagem de Krishna para o Ocidente. Sua leitura reforça a importância de dedicarmos nossa passagem pela materialidade à busca pela elevação espiritual. O contentamento com o abrigo, o sexo e o gozo dos sentidos nos escraviza e nos prende ao ciclo repetitivo de nascimentos e mortes. Transcender e ir além, evoluir, dar o passo seguinte é o esforço a ser feito e estar encarnado é a oportunidade perfeita para essa passagem.

Ademais é caminhar, ver as pessoas, andar nas favelas, aproveitar, desfrutar a cidade, ir à praia, assistir filmes – hoje verei um sobre Janis Joplin no Espaço Itaú Cultural em Botafogo.

Sou feliz, tenho circulado pelo planeta sempre com atitude positiva. Observo, reflito, escrevo e procuro colaborar, uma ajuda aqui, um papo ali, eu bebo de uma fonte acolá e descobrí um tipo de hospedagem interessante.

Algumas pessoas alugam quartos em suas casas ou apartamentos. Nos Lençóis Maranhenses fiquei numa casa e amei. Aqui no Rio fico pela segunda vez num quarto num apto no Leme e sempre prozeio com a dona. Esse papo torna a viagem bem mais interativa.

A vida é bela. Passemos por ela de forma positiva. Sejamos solidários, façamos algo pelo próximo e promovamos esforços genuínos para transcender a Terra. Nosso destino não é voltar aqui. É ir além… Luz!!

Flávio Rezende – Jornalista e ativista social

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