ARTIGO: Ana Luíza Rabelo Spencer

PASSOS PELA ESTRADA – 

É incrível a capacidade que nós temos de enxergar no outro os nossos próprios defeitos. Sejam quais forem. Da menor falha ao maior erro, estamos vigilantes para nos “vitimizarmos”, para passar a culpa adiante, para sair ilesos de responsabilidades.

O passo em falso sempre pertence ao vizinho, ao colega, ao governo e a “eles”. Eles têm culpa, agiram errado, trabalharam mal, traíram a confiança. Eles são responsáveis por toda infinidade de percalços que passamos.

E nas vezes que realmente figuramos nos quadros de vítima, ali permanecemos por tanto tempo que “ser vítima” passa a ser parte da nossa caracterização, de quem somos. E remoemos, remoemos, remoemos, sem nunca sair do “sagrado e absoluto trono” do sofredor.

Por que é tão importante se achar superior ao algoz, se, em muitos casos, ele agiu do mesmo jeito que nós teríamos feito?

O fato que não percebemos enquanto estamos lá sentados é a importância de continuar, de seguir em frente, de perdoar, levantar a cabeça e lembrar que aquilo que não me mata me faz mais forte.

Se algum desentendimento ou outro fato concede a coroa de vítima, devemos aprender a não carregá-la para sempre, pois, se nos é dada a chance de sofrer algum revés, devemos encará-lo como uma oportunidade de dar mais um passo, de ser melhor do que somos. Quem se enxerga como mártir e se prende a essa imagem nunca sai desse lugar, nunca evolui para o posto de herói.

O algoz que se perdoa e entende o mal que causou é tão, ou mais, merecedor de louros que o prejudicado que se amarra ao rancor.

A importância de se seguir em frente é tal que tudo mais se estagna em nossa vida quando nos revestimos do passado e de tudo que não é mais!

Não há segredo e nem fórmula, creio eu, para caminhar em direção ao futuro e ao perdão, mas, de forma inata, todos sabemos qual caminho devemos seguir para que sejamos capazes de continuar sem pesos, sem fantasmas.

Aquilo que devemos carregar por toda vida são sacolas de perdão, mochilas de bom senso e malas de amor. Sem essa bagagem, a briga com o amiguinho no primeiro dia no parque tornar-se-á muito pesada, de maneira tal que ficaremos presos a ela por toda a existência.

Então, espero que sejamos capazes de encontrar dentro de nós a força e a sabedoria para deixar passar e dar a outra face, assim como alguém de enorme inteligência e caráter há muito nos ensinou.

Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada (rabelospencer@ymail.com)

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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