AOS MUITOS INSONES –

O relógio é o maior inimigo do insone. Quando lento, as horas viram infinitas e o pestanejar do sono vai ficando angustiado, pois o clarear também não chega, para cansado, agradecer pela tenebrosa caminhada até aquele momento. Quando rápido, as horas se atropelam como que o ponteiro grande “enganchado” no pequeno, acelerando o passo.

Pronto, amanheceu!

Costumo conversar com Deus e a Ele agradecer: Obrigado Senhor por segurar em minha mão e me atravessar pela madrugada silenciosa, incerta e tenebrosa. Estou cansado, mas nesta outra margem me sinto mais seguro

Clarice Lispector, também no seu embate noturno, diz: “… Mais uma madrugada insone / Mais uma madrugada insana / Eu nunca sei onde começa / A minha insônia e a minha insanidade / Só sei que ambas estão ligadas / Minha insônia e minha insanidade são amigas / Andam juntas, de mãos dadas…”.

Para “celebrar” a minha luta, hoje, nem contra nem a favor, “eternizo” esse momento no poema INSÔNIA que foi publicado na coletânea de autores potiguares “Literatura Brasilis – Colección Potiguar – Edición 2019” organizado pelo também escritor Aluísio Azevedo Júnior e apresentado na XXVII Feira Internacional do Livro de Havana, Cuba.

INSÔNIA (Josuá Costa)

A noite não me repousa

O sono não me aceita

O leito não tem a minha forma

A mente trabalha enfrentando os inimigos

O cansaço pede trégua

Os sobressaltos me prendem.

As horas ficam lentas

A escuridão insiste em demoras

Sopros, suspiros, gritos silenciosos

Oh! Meu Deus!

Por onde anda o dia que não chega

Para adiar a luta para mais tarde!

Sonhos confusos, perseguições sempre

Nada me induz a interpretações

Nada se apresenta como caminho

Tudo é tenebroso como a própria noite mal “dormida”.

Quando criança tinha medo do invisível

Hoje tenho medo de ter medo do previsível.

Boa Noite.

(Assim busco incessantemente).

Vou seguindo, até quando não sei, mas entre um cochilo e um sobressalto, repouso meu espírito e vou tangendo uma preocupação com outra, até abrir a janela do quarto e, admirando os pássaros na pitangueira, sorrio para a natureza.

Carlos Drummond de Andrade, em “Canção amiga” sabiamente ‘canta’ : “Eu preparo uma canção / que faz acordar os homens / e adormecer as crianças”.

Ah! Como eu desejaria que essa ‘canção’ embalasse o meu sono.

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras (josuacosta@uol.com.br)

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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