A LÓGICA DE UM REGIME… ROTATIVO –
Quando bem jovem, integrei a seleção principal de futebol do Colégio Marista. Era goleiro, desses que aprendem a voar por instinto e defendem mais com o coração do que com a técnica. Nosso time era entrosado, aguerrido, cheio de sonhos correndo por cada chute e cada passe.
Mas havia um jogador que se destacava: o ponta-direita, ágil como raio, esperto como gato e decisivo como um gol na prorrogação. Quando a bola estava em seus pés, algo bom estava para acontecer. Tinha talento natural, desses que não se ensina, nasceu com ele e fazia questão de deixar claro em cada drible e arrancada.
Os anos passaram, a vida nos levou por caminhos diferentes. Um dia, por acaso, o reencontrei, nas cadeiras numeradas do estádio Rei Pele. O olhar era o mesmo, vivo e sagaz. Mas o corpo tinha mudado. Estava gordo, redondo como uma bola de futebol.
Nos abraçamos, rimos, relembramos partidas e vitórias, e enquanto ele falava, gesticulando com a mesma energia de antes, percebi: a velocidade agora era outra, mas a alegria continuava intacta.
Semanas depois, entrei em restaurante e, para minha surpresa, lá estava meu velho amigo, já instalado confortavelmente em mesa servida para quatro pessoas. Cumprimentei-o, e ele, entre um sorriso e outro, foi logo dizendo: Estou de regime… comendo pouco!
De fato, olhei para a guarnição à sua frente e confirmei: pequena, equilibrada. Mas algo me intrigava… a bancada estava posta com quatro pratos idênticos.
Disfarçadamente, permaneci por perto. Entre garfadas discretas e pausas estratégicas, ele mudava de lugar. De forma quase teatral, sentava-se em outra cadeira, ajustava o guardanapo e continuava a comer, sozinho, todo conteúdo de cada uma das tijélas, sem que mais ninguém aparecesse.
No fim, recipientes vazios, mesa limpa, ele olhou para mim e falou: Viu só? Quando a gente quer, consegue se controlar…
Saí do restaurante sem nada comentar, entre o riso contido e a admiração por essa habilidade rara de transformar uma mesa coletiva em banquete silencioso de um homem só. Afinal, quem somos nós para julgar a lógica de um regime… rotativo. Dias após, soube do seu falecimento motivado por infarto.
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras
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