A HORIZONTALIDADE DA CONDUTA HUMANA – Josoniel Fonsêca

A HORIZONTALIDADE DA CONDUTA HUMANA –

Tratamos em nosso último artigo do tema VERTICALIDADE DA CONDUTA HUMANA, afirmando que entre todas as leis físicas, biológicas, químicas, jurídicas, morais e espirituais existem duas linhas que regem o equilíbrio do homem no universo de Deus: a linha VERTICAL e a linha HORIZONTAL. Trataremos agora da linha HORIZONTAL.

Se a linha vertical trata da relação do homem com Deus, a linha horizontal se ocupa da ralação do homem com o seu próximo. Se à linha vertical podemos chamar de Religião, a linha horizontal é a sua moral. Logo é impossível haver a horizontal sem a vertical. Depreende-se que não pode haver moral sem religião. Jesus Cristo, o Mestre dos mestres sintetizou as obrigações desta linha horizontal no segundo mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Do encontro dessas duas linhas nasce a Cruz. A vertical é a parte principal da cruz e a horizontal forma os braços dessa cruz. E a inquietante pergunta é esta: à qual se deve dar mais ênfase? Antes de adentrar na análise dessa questão, impõe-se fazer algumas considerações sobre a nossa época.

O nosso século XXI, já como herança do século XX, se caracteriza pelo espantoso avanço e crescimento científico, nos automóveis, aviões, computadores, foguetes, estradas, submarinos, eletrônica, que produz um progresso somente linear, na horizontal, mas não pode produzir um milímetro de progresso na linha vertical, no terreno do espírito e da moral. O progresso material se tornou o bem supremo e o dinheiro no seu sentido mais rigoroso tornou-se a medida de todas as coisas. O Verbo conjugado é TER e não SER e sempre conjugado na primeira pessoa EU. A busca exclusiva do ter forma, então, um obstáculo ao ser e opõe-se ao seu verdadeiro progresso. O filósofo existencialista francês Jean Paul Sartre, afirmou: “Aquilo que é oposto a mim é o NÃO-EU; mas o não-e é o nada. É preciso de alguma forma reduzir-se ao nada”. No século XIX, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche chamou a moral cristã de uma moléstia intitulada MORALINA, porque fixou valores aos nossos atos, proclamou o valor do bem superior ao mal, afirmou que a caridade e o altruísmo são superiores à dureza e o egoísmo. Essa tabela de valores está errada, diz ele. Bom é o que exalta no homem a vontade do poder, do ódio, cobiça e espírito de dominação. Para ele há duas morais: a do forte e a do fraco. O forte, o super-homem, não tem senão um dever: aumentar os meios de dominação: “Deus morreu, viva o Super-Homem!”, afirmou Nietzche. Sobre este pensamento e ensino do filósofo alemão, vale destacar que só uma vez a História nos fala da morte de Deus: no alto do Calvário! Mas quando Deus morreu, trevas densas e terríveis desceram sobre o mundo, a terra tremeu e vacilou o seu eixo e rasgaram-se, em estrondos, os rochedos seculares. Não é isso o que a história moderna está testemunhando? Quando a filosofia e a ciência ateísta pretendem a morte de Deus, a mundo dos homens parece esfacelar-se sob as trevas que descem dolorosamente sobre o universo e as opressões que esmagam as civilizações e os povos.

Mas, voltando à inquietante indagação feita acima: à qual das duas linhas se deve dar mais ênfase? Aqui encontramos dois grupos: os PIETISTAS e os SECULARISTAS. Na linha dos pietistas, a vertical, a cruz fica desproporcional, quase sem braços. Na linha dos secularistas, a horizontal, a ênfase é no mundo, nas necessidades da humanidade, e a cruz fica somente com haste, mas também desproporcional. O pietista pensa em termos do passado e busca continuidade, enquanto que o secularista pensa em termos de futuro e quer mudança. O pietista pensa que pecado é imoralidade privada: mentir, furtar, adulterar — e a salvação é individual, o secularista pensa no pecado em termos de imoralidade pública, injustiça social, opressão, preconceito e a salvação é em termos de redenção nacional.

O pietista ora: “Senhor, transforma-me!”

O secularista pede: “Senhor, transforma o mundo!”.

O secularista, tanto quanto o pietista desproporcionam a cruz, uma sem os braços e outra sem a haste.

Enfim, penso que devemos nos fortalecer na linha vertical (amor a Deus) e cumprir a nossa missão na linha horizontal (amor ao próximo).

 

 

Josoniel Fonsêca – Advogado e Professor Universitário, josonielfonseca@uol.com.br, josonielfonseca@uol.com.br

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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