VIVER PRAIANO –

Escuto a zoada do mundo da minha sacada aqui na praia …

Do mar vem o boom das ondas se quebrando na areia, que ao escutar bem, trazem gemidos da mãe África, em vozes ancestrais que quase se perderam no longo navegar na difícil travessia.

Das dunas, vem o som do mato, acossado pelo vento enquanto se curvam em obsequiosa serventia e subserviência, como se não tivessem galhos fortes e pudessem reagir. Enquanto isso, vejo o vôo do gavião e escuto o seu cantar, como se quisesse intimidar suas presas prediletas.

No jardim, um beija-flor se farta do néctar de diversas flores que se enfeitam com lindos coloridos, justamente para serem levadas pelos pássaros, borboletas e abelhas para o acasalamento e consequentemente perpetuação da espécie.

Na piscina, um simpático casal homoafetivo, de origem nórdica, sorriem felizes da vida, curtindo um sol de verão abaixo do Equador, turbinados por nossas caipirinhas e cervejas bem geladas.

Na rua ao lado escuto o ranger das rodas de um carro de mão, cheio de lixo reciclável, sendo conduzido por um homem taciturno e de poucas palavras que só tem olhos para seu mundo de descartáveis: plásticos, papelões, garrafas e outros recicláveis.

Na entrada do condomínio, em frente ao portão, a garotada nativa resolve jogar uma pelada,enquanto o vigilante fica de olho e cara feia. Mal sabe ele que a molecada tá nem aí e só tem olhos para o seu futebol. Tive que intervir e pedi para ele devolver uma bola,solicitado que fui pela garotada, depois que a mesma caiu na parte interna, após chute mal calculado. Sobrou pra mim que tive de usar uma diplomacia nada usual e forçar a devolução da bendita bola,pois o vigilante queria furar a mesma,imagine!

Passando na rua a bela cachorra Susy, minha amiga de longas datas – parece que foi ontem,depois de um encontro nas dunas, com muitos latidos e com muita animosidade da parte dela. Durante esse encontro resolvo sentar no chão e ficar a sua altura, dando sinal que não a agrediria. Em poucos segundos, depois de cheirar minha mão, estava deitada ao meu lado,totalmente entregue aos meus carinhos – , mas, hoje, depois que a chamei, olhou para mim, balançou o rabo animadamente e seguiu seu caminho, parecia ter urgência em resolver algo.

Enquanto o vento diminui sua intensidade ,acalmando o mar que flui mais ameno com menos barulho, escuto o cantar de um bem-te-vi a me dizer: bem te vi! Então respondo, feliz e imaculado, não te vi, mas te amo mesmo assim!

José Alberto Maciel Oliveira – Representante comercial aposentado
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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