VIRAMUNdo 65 –

Diomedes Machado era filho do seu Zé do Curral em Alagoinhas interior da Bahia.

Desde pequeno via seu pai tomando conta do gado e açoitava os animais todas as vezes que se desviavam do caminho.

– Pai, precisa bater neles desse jeito.

– Sim, porque assim eles obedecem.

Dió foi crescendo e na escola batia nos colegas todas as vezes que eles discordavam dele por alguma razão.

Quando era chamado na secretaria dizia:

– Esses meninos só aprendem na porra da, assim como os bois de papai.

– Más Dió você não pode comparar gente com animal.

– Às vezes o animal é ate mais obediente. Aprende na porrada.

Foi expulso da escola por conta disso e entrou a polícia como investigador.

Não tolerava mal comportamento Dr. ninguém. Castigava mesmo pra valer. Era um torturador sanguinário.

Com a proteção de um Delegado de Polícia passou a ser justiceiro a serviço de comunidades da periferia de Alagoinhas. Isso o deixava feliz e autoritário.

Dió matador ganhou esse apelido quando matou Maria Ninguém, uma prostituta de rua que implicou porque ele não queria pagar o “serviço” dela depois da farra.

Com a proteção do Dr. Expedito, Dió Matador era um miliciano temido e respeitado.

Matava por brincadeira mas ficou triste quando o pai, Zé  do Curral foi morto com uma chifrada dum boi brabo, na fazenda no domingo de manhã.

– Dió isso foi vingança fos animais contra seu pai pelos mal tratos.

– Que nada, apenas um acidente.

Um dia Dió acabou preso, incomunicável.

Dr. Expedito não podia. fazer nado mas dava proteção ao “menino de ouro” da sua confiança.

A mãe chorava e dizia pra todo mundo que Dió era um bom filho e não sabia porque tanta perseguição.

Foi condenado a 30 anos, ficou no presídio somente 15 e o resto está cumprindo em casa usando tornozeleira.

A filha de 12 anos foi fruto de uma visita íntima com uma policial, sua amiga da delegacia.

Sabrina não ficou deprimida quando soube que seu pai tava preso. Afinal sua mãe policial conversou com ela sobre isso.

Dió Matador entrou em depressão e não se contentava em esta fora das suas atividades milicianas.

Os amigos sumiram e no presídio tentaram matá-lo botando veneno na comida depois ameaçando fisicamente.

– O regime lá dentro é foda meu irmão. Você que ser muito macho e dormir com um olho aberto e o outro fechado.

– E esse negocio de facção. Como funciona?

– Os caras convidam você e depois ameaçam. Ou você participa ou tá fudido. Não tem moleza.

Dió destinava o dinheiro que recebia do auxilio reclusão pra sua mãe cuidar da neta.

Com o tempo separou da amiga policial e começou a namorar Salete uma psicóloga que se apaixonou por ele e conseguiu prisão domiciliar.

Todo final de semana eles ficam namorando em casa.

Durante a semana o pessoal da policia faz visitas de rotina e aproveita para sair com ele pro comercio, feiras e até na igreja, depois que “Jesus tocou seu coração” e agora é Evangélico.

– Dió você se arrepende de alguma coisa?

– Sim. De ter matado Rutinha, minha amiga de rua, depois da farra.

– Como foi isso?

– Eu dava proteção na rua e conheci Rutinha, uma loura oxigenada de pernas grossas de bunda grande e peito pequeno. Do jeito que eu gosto. Eu nunca paguei pelo “serviço” mas nesse dia ela me perturbou tato que, sem querer, a arma disparou e acertou a bichinha. Morreu na hora. Pela primeira vez eu chorei de pena.

– Você foi preso por com disso?

– Não. Dr. Expedito, que Deus o tenha, me livrou.

A psicóloga está grávida de 6 meses e espera um filho.

– Ele vai se chamar Expedito, em homenagem ao grande Delegado, meu amigo e protetor . Um verdadeiro pai.

Inesquecível.

Expedito formou-se em direito e foi ser Delegado de policia em Feira de Santana, para orgulho do pai.

Outro dia encontrei Dió com a psicóloga na praia do meio comendo caranguejo com uma cervejinha e perguntei:

– Em quem você se inspirou na sua vida?

– Em Jorge Abafador.

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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