VIRAMUNDO 62 –

José Ferreira Galo é de Coronel Ezequiel cidadezinha no interior do Rio Grande do Norte, mas mora em Natal desde a adolescência.

Simpático, brancão dos olhos azuis e corretor de imóveis.

Levava os clientes no seu carro, um Vemaguet 1967, branco, os clientes pra ver casas, apartamentos e terrenos ao som de Roberto Carlos.

Quando era mulher José Galo se desmanchava todo e caprichava nos argumentos.

Ele gostava quando a mulher ia sozinha.

– Seu nome é Galo de nascença?

– Sim. Nome de família.

– Tem apelido?

– Zé Galinho

Se desse corda ele passava horas falando da sua vida com Gracinha e seu filho de 11 anos.

– Me separei e sou muito amigo do atual marido dela, Humberto, militar da Marinha, gente boa.

– E seu filho?

– Mora com a mãe mas passa o fim de semana comigo.

– Como ele se chama?

– José Ferreira Galo Júnior. Ta fazendo escolinha da Marinha.

Zé Galinho não perdia chance. Se desse sopa ele seduzia e “ficava” com a mulher.

Ai mostrava pros amigos a foto intima das meninas que comia contando detalhes da trepada.

– Isso é ridículo Zé. Contar o que faz com a mulher.

– Que nada. Mulher gosta é de rola.

– Não. Quem gosta de rola é viado. Mulher gosta é de dinheiro.

Zé discordava.

– Num dou dinheiro pra mulher. Quando muito um presentinho e olhe la.

Zé se gabava de transar todas as noites com mulheres diferentes e nunca ter broxado nem tomava viagra.

O bicho era foda mesmo.

Pra não errar o nome das meninas ele tratava sempre com “amor” e elas adoravam.

– Amor; vamos domingo pra Galinhos? Lá tenho um amigo que me convidou e eu posso levar uma amiga.

– Bora.

Chegando na praia encontrou-se com Helena, uma das muitas namoradas.

– Zé, quem é essa rapariga?

– Que é isso Leninha, essa é Sonia, amiga da minha ex-mulher.

– Você num tem vergonha mesmo, né? Tudo quanto é mulher você quer comer. Seu nome agora vai ser Raposão.

Leninha infernizou tanto “Raposão” que ele não conseguiu fazer nada com Soninha.

– Sonia, o Zé é um cachorrão. Não confie nele. Quer comer todas.

– Eu conheci ele quando era casado com Gracinha. sempre muito educado e respeitador.

– Ela separou-se dele porque não aguentava mais os chifres. Toda noite chegava em casa, tarde, com cheiro de perfume e cigarro. Ele não fuma.

– E ai?

– Botei a roupa dele numa mala e mandei ele embora.

Zé voltou pra casa da mãe em Ponta Negra e ficou livre pra namorar sem ser incomodado.

Um dia, numa roda de amigos, ele mostrou a foto duma loura linda no celular e Miguelzinho viu e disse:

– Essa menina eu conheço. É namorada de Julinho, da Caixa.

– Pra mim isso não interessa. Não sou ciumento. Dizia rindo.

Conversando com Julinho, Miguelzinho ficou sabendo que ele terminou o namoro porque ela só queria dinheiro.

Como ele trabalhava na Caixa nunca faltava grana. Era disso que a “conquista” do “Raposão” queria.

Roberto, um dos amigos, dizia que Zé Galinho era Zé Galinha, era o gastosão.

Encontrei Zé tomando Devassa em Zé Reieira na cidade alta, com uma mulatinha linda, de cabelos arrepiados e perguntei:

– Zé em quem você se inspira pra ser assim?

– Em Ossia, meu amigo de Mirassol.

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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