VIRAMUNDO 49 –

Ele morava em Mossoró e vinha a Natal participar, aos domingos, do programa de auditório da Rádio Poti, Domingo Alegre e aos sábados a tarde Vesperal dos Brotinhos com Fonseca Junior.

Zezinho Rosado era apaixonado por rádio e showmícios. Em todas as campanhas eleitorais ele estava presente com seu pessoal, animando os eventos.

De vez em quando apresentava artistas no seu programa de sexta feira na ADP,

Associação Desportiva Potiguar.

A maior alegria foi juntar numa noite duas celebridades da musica: Núbia Lafayette e Agnaldo Rayol. Delírio.

Zezinho era festeiro e no São João explodia de sucesso fazendo shows na praça com patrocínio da Prefeitura.

Era casado com uma cantora de forró, Chiquinha de Areia Branca, presença obrigatória nos seus espetáculos junto com Tião Zabumbeiro, Noe na sanfona e Ticão no triângulo.

Não tiveram filhos e o casal trabalhava junto. Unha e carne. Viveram felizes até a morte de Chiquinha num acidente de carro quando viajava de Mossoró para Grossos onde ia se apresentar. A tristeza tomou conta do grupo e Zezinho só voltou a trabalhar 2 meses depois.

– A vida segue, companheiro.

No meio artisto conheceu uma cantora muito influente no bairro das Rocas, Luiza de Paula, que costumava dar seus shows na Rua do Areal, todos os sábados á noite.

Luiza já era comprometida mas se tornaram bons amigos. Amor platônico de Zezinho que ficou sozinho durante muito tempo mas “ficava” com muitas namoradas pra esquecer Chiquinha, seu grande amor.

Um dia se apresentou no Domingo Alegre com seu grupo de forró e conheceu Marines do conjunto Marines e sua Gente.

– Zezinho, quer passar o São João desse ano em Carauaru?

– Só se for com você.

– Deixe de enxerimento homi. Sou casada.

– Num tem problema; não sou ciumento
Se tornaram amigos e ele ia todo ano pra Caruaru.

Lá conheceu Amelinha casada com Zé Ramalho e levou ela pra cantar em Mossoró, principalmente o seu sucesso “mulher bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor”. Ele morria de paixão.

– Ze, você é um homem apaixonado.

– É o amor que me deixa feliz.

– Não quis casar mais?

– Não. A gente só ama verdadeiramente uma vez. O resto é passar tempo. Toda mulher que conheço me lembro de Chiquinha.

– E te faz bem?

– É meio sofrido, mas da pra segurar.

Zezinho, depois da morte de Chiquinha nunca mais foi a Areia Branca. Aquelas salinas excessivamente alvas doíam nos olhos com o reflexo da luz do sol que o fazia chorar de saudade. Melhor não ir mais lá.

Recebeu convite de Elba Ramalho pra ir morar em Campina Grande onde o São João de lá é tão bom como o de Caruaru.

– Amigo, o prefeito quer falar com você.

– Pois não seu prefeito.

– Quero que você arrume o São de Mossoró. Que seja tão bom como o de Caruaru e Campina Grande.

– Tá certo.

Zezinho reuniu todo seu conhecimento e fez um excelente trabalho, colocando o São João de Mossoró emparelhado com Caruaru e Campina Grande.

Conheceu Izabel; sobrinha do prefeito, sanfoneira das boas e foi logo incluída nos seus shows.

– Tá gostando de Izabel, Zezinho?

– Tô.

– Vai rolar namoro?

– Já tá rolando, me apaixonei e vou casar com ela.

– Você falou que não queria mais casar?

– É mas a solidão cansa.
Tiveram um filho que se tornou o Mariozinho dos teclados.

Zezinho se aposentou, comprou um sítio perto de Açu e foi viver com novo amor.

– Agora tô feliz. Mariozinho ficou no meu lugar e u fico aqui com minha gata.

Um dia, no Café da manhã, sertanejo com cuscuz, carne de sol e queijo de coalho, perguntei:

– Quem foi sua maior inspiração?

– Chacrinha.

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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