VIRAMUNDO 47 –

Maria Julia de Souza, Manu, nasceu aqui mesmo em Natal, perto da praia, lá pras bandas de Mãe Luiza. Morena bonita, cabelos tipo Black power e andava sempre de bermuda e sapatilha.

Tinha muitas amigas e muitas vezes até arranjava namorado pra elas. Ficou adulta e foi morar sozinha e estudada a noite no Atheneu, fazendo o científico pois queria ser médica pediátrica.

Não deu. O que ganhava não cobria as despesas. Resolveu agenciar garotas para fazer programas. Comprou uma Pentax, a prazo, escolhia as meninas, levava pra casa e fazia fotos ousadas colocando no texto preferências sexuais e outros detalhes.

Apresentava o álbum aos rapazes e acertava o encontro na casa dela.

Gostou da ideia e uma amiga sugeriu oferecer esse serviço aos hotéis sempre cheio de turistas e homens sozinhos.

Botou o nome sofisticado de Scort Girl.

Um sucesso. Ganhando um bom dinheiro comprou uma casa ampla e reservada na Quinze, na Lagoa Seca, bairro afastado do centro.

Lá tinha o conforto e a tranquilidade que precisava. Instalou uma radiola de ficha para ouvir música igual a que tinha no Beco da Quarentena, nos idos anos 50.

O movimento na sua “casa da amiga” era intenso, principalmente nos fins de semana que as casas vizinhas colocavam placas avisando ser “casa de familia”, para afastar visitas indesejadas.

Um dia seu Diógenes, fazendeiro em Angicos pediu a Maju uma menina dos seus 35 anos pra fazer amor.

– Olhe essa aqui. É Magali. Do jeito que o senhor gosta.

Magali tinha um corpo escultural.

– Ligue pra ela.

Magali chegou por volta das 6 é meia da tarde.

Feitas as apresentações ela pediu Cuba Libre (rum com coca cola) e ele uísque Cavalo Branco, garrafa que trazia em sua companhia.

Comprou 20 fichas e pediu pra Maju colocar Bienvenido Grandão, Nelson Gonçalves e outros do gênero.

– Magali você toparia passar um fim de semana na fazenda?

– Aonde é?

– Angicos.

– Topo. Quando o senhor quer me levar?

– No primeiro fim de semana do mês que vem.

Tudo acertado, ficaram conversando com Maju no salão, bebendo e ouvindo as músicas preferidas do fazendeiro.

– Um dia, seu Diógenes, sentou aqui nessa mesa um homem forte, usando chapéu preto quebrado na testa e começou a beber Rum Montila. Em determinado momento Suely saiu para dancar.

Ele pediu pra apagar a luz da mesa, começou a escrever e estava chorando.

Maju parou de falar e botou a Dama de vermelho cantada pelo homem que estava na mesa, chorando.

– Essa música que tá tocando foi composta aqui por esse cantor que é Valdick Soriano. Fico emocionada quand6v ouço.7

Seuh Diógenes levou Magali pra fazenda, conheceu Eustáquio, neto do seu Didi e se apaixonaram.

Maju contava sempre histórias interessantes das suas meninas.

Um dia encontrei-a no Midway, tomando sorvete e perguntei:

– Em quem você se inspirou pra ĺevar essa vida?

– Maria Boa.

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *