VIRAMUNDO 109 –

Juliana Balesteros nasceu nos Cafundós do Judas, perto de Mossoró, capital do Oeste do Rio Grande do Norte.

Nas proximidades de Areia Branca ela chegou experimentar trabalho nas salinas, mas o brilho do sol era muito intenso, chegando a afetar sua visão afastando Juju, do trabalho.

– E u detestava usar aqueles óculos pretos, obrigatórios. Ficava com dor de cabeça.

– E foi trabalhar aonde?

– Na cidade, vendendo cocada na praça, em frente a Prefeitura.

Numa referências a atriz Araci Balabanian, botaram o apelido nela de Juju Balagadan.

Juju era feinha, magra e alte, pernas finas, cabelos louros cacheados escorridos batendo nos ombros.

De manhã vendia cocada que a mãe fazia e estudava a tarde.

Voltava pra casa com o tabuleiro vazio e a bolsinha a tiracolo cheia de moedas.

Um dia tentaram assaltá-la e ela meteu o tabuleiro na cabeça do menino, ferindo-o na testa.

– Desculpa Juju, eu queria só as moedas.

– Vá trabalhar, vagabundo. Crie vergonha.

Se tornaram amigos e ela conseguiu que a mãe fizesse mais cocada e dar pra ele vender também.

Zé Maria, o Zezinho, gostou da ideia e ficaram muito unidos.

Eles só andavam juntos. Estudavam na mesma escola.

No São João daquele ano dançaram a quadrilha juntos e começaram a namorar.

– Juju esse negócio não vai dar certo. Quando acabar o namoro, cada um vai pro seu lado, olhe lá se não ficarem inimigos.

– Ah! Mãe não se preocupe. Se acabar, acabou.

O tempo passou e Juju foi morar em Mossoró com um tio, irmão da sua mãe.

Estudava de manhã e a tarde ajudava no mercadinho do tio Antonio.

Ali, já grandinha, começou a se ajeitar e ficou bonita, cabelos loiros bem cuidados e o corpo de mulher se formando.

O professor de português começou a dar bolas pra ela e a se dedicar a ensiná-la com entusiasmo.

– Juju você precisa ler muito para aprender o português.

– Eu não. Tenho preguiça.

– Mas, se você quiser vencer na vida tem que saber ler, interpretar o que lê, escrever e falar bom.

– Ah! Professor, isso vem com o tempo.

– Nada disso, não quero namorar mulher burra.

– Oxi, não sou burra nem quero saber de namorar ninguém.

Juju seguiu o conselho do professor e foi estagiar no Jornal de Mossoró.

Em pouco tempo Juju foi promovida a editora do Jornal e a noite, das 7 as 9h, foi ser comentarista política na Rádio Clube, com sucesso.

Tempos depois foi convidada a trabalhar na Tribuna do Norte em Natal e apaixonou-se por Rodrigo Jorge, diretor da TV Cabugi, do mesmo grupo, e foi pra lá apresentar o Jornal da Noite.

Sua fama crescer e como se tornou uma grande líder logo enveredou na política e foi uma das mais bem votadas na campanha pra vereadora em Natal.

Juju passou a ser bastante conhecida e a frequentar tudo o que era festa na cidade e foi numa balada em Ponta Negra que conheceu Amâncio, joalheiro, dono de uma bela loja no Alecrim.

Passaram a noite se divertindo e foram dormir juntos no motel de luxo, Roma Garden da praia do meio.

Ao chegarem no motel ela ou Roberto Cantar “amanhã eu não vou trabalhar” e ficaram até meio dia num amor danado.

Amâncio ligou cedo pra loja e informou que iria pra lá depois do almoço.

Era um sábado e no Alecrim o comércio abre o dia inteiro.

Amâncio escolheu um anel de prata, muito bonito, para dar de presente a Juju, a noite.

– Lindo Amancinho. Vamos jantar no Camarões?

E lá se foram os dois pombinhos apaixonados.

Juju conseguiu que Amâncio anunciasse na TV Cabugi e Juju ganhou uma ótima comissão o que despertou nela o desejo de ir pro Departamento Comercial da emissora.

Bonita, bem falante e um mulherão sua fama cresceu mais ainda .

O cargo de Vereadora abria as portas e ela sabia aproveitar muito bem as oportunidades.

Famosa e bonita se elegeu Deputada Federal e foi morar em Brasília.

Vivia nas noitadas brasiliense se envolveu com homens e mulheres do mundo político e teve muitos contratempos.

Falava bem nas comissões da Câmara e como opositora ao governo, criou muitos problemas pessoais.

Um fim de sema, domingo de madrugada, caiu da cama e se machucou.

Esta com o namorado que dormia noutro quarto e ela não sabia o que tinha acontecido.

A policia concluiu que ela havia levado uma surra do namorado, e ela foi cassada pela Câmara.

Sozinha e desprezada, Juju foi embora pros Cafundós do Judas, perto de Mossoró e Areia Branca, viver sua vida pacata.

Encontrei-a tomando cerveja com camarão no Bar da Cleusa, perto da praia, e perguntei:

– Juju em quem você se inspirou pressa sua vida?

– Joice Hasselman.

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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